Alvarenga Milton

Igreja da Ucrânia se separa de Moscou no maior cisma cristão desde o século 16

Igreja da Ucrânia se separa de Moscou no maior cisma cristão desde o século 16

Por: Igor Gielow
EM: 5.jan.2019 às 14h57
URL: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/01/igreja-da-ucrania-se-separa-de-moscou-no-maior-cisma-cristao-desde-o-seculo-16.shtml

Racha político entre ortodoxos é novo e complicado capítulo da disputa entre Putin e Kiev

A nova Igreja Ortodoxa da Ucrânia foi reconhecida neste sábado (5) pelo líder espiritual desse ramo do cristianismo, o patriarca de Constantinopla, Bartolomeu. É o maior cisma cristão desde a reforma protestante do século 16 e um importante capítulo na disputa entre russos e ucranianos.

Bartolomeu irá finalizar o processo editando no domingo (6) o “tomos”, um documento assinado neste sábado que confirma a criação da nova igreja, fundada oficialmente no dia 15 de dezembro passado. Na cerimônia em Istambul, cidade turca antes conhecida como Constantinopla, foi ungido líder da denominação o agora metropolitano Epifânio.

O reconhecimento é uma derrota para Vladimir Putin, o presidente russo que vinha comparando o movimento de autonomia com o grande cisma que dividiu o cristianismo entre católicos romanos e ortodoxos, em 1054. Putin falou até em “derramamento de sangue” como consequência do evento.

Religião à parte, a questão é política. A Ucrânia tinha três denominações ortodoxas, a principal dela subordinada ao Patriarcado de Moscou, que é fortemente alinhado ao Kremlin. Seu líder, Cirilo, chama Putin de “milagre de Deus”, e ao longo de seus quase 20 anos no poder o presidente usou a religião para galvanizar apoio ao seu projeto nacionalista.

Desde que um golpe derrubou o governo pró-Moscou em Kiev, em 2014, a Rússia passou a intervir militarmente no vizinho. Anexou a península de maioria étnica russa da Crimeia, um território que foi seu até 1954, e fomenta um conflito ora congelado no leste do país, que já deixou 10 mil mortos.

Em novembro, o Kremlin apreendeu navios de guerra ucraniano e está julgando seus marinheiros, levando a Ucrânia a decretar lei marcial.

O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, acelerou então medidas contra a igreja sob Moscou, sugerindo a retomada de imóveis, e patrocinou a criação da nova entidade. Epifânio, de apenas 39 anos, é visto como um protegido do líder e antes era de uma denominação não reconhecida chamada Patriarcado de Kiev. Uma das igrejas agora unificadas, ela havia sido fundada em 1995 com viés fortemente pró-Ocidente.

Não por acaso, Poroshenko estava presente na cerimônia deste sábado, na catedral de São Jorge. “Eu quero agradecer os milhões de ucranianos que responderam ao meu apelo para rezar para que a igreja fosse estabelecida”, afirmou ele, que buscará a reeleição em março e está em posição extremamente fragilizada em seu país.

Há cerca de 300 milhões de ortodoxos no mundo, que não obedecem a uma autoridade administrativa central. Em assuntos religiosos, contudo, a palavra final é o patriarca da igreja originária da denominação, a da antiga Constantinopla. São a segunda maior comunhão unida cristã do mundo, atrás dos católicos (1,3 bilhão de fiéis). Protestantes são cerca de 920 milhões, mas fragmentados.

Moscou controla metade desse rebanho ortodoxo, na Rússia, Ucrânia e outros países. Com o cisma, cerca de um quinto dos fiéis passarão para a jurisdição de Kiev.

Não será um processo simples, até porque o Patriarcado de Moscou não reconhece o movimento —Kiev estava sob seu guarda-chuva desde 1686. “O ‘tomos’ é só um papel, o resultado de incansáveis ambições políticas e pessoais. Ele não tem poder”, afirmou à Folha por mensagem eletrônica Vladimir Legoida, o chefe de comunicação do Patriarcado de Moscou.

Não está claro como Moscou poderá contestar a decisão do patriarca Bartolomeu, embora petições já tenham sido feitas nos últimos meses. Na prática, o que poderá acontecer é a tomada de bens do ramo moscovita da igreja na Ucrânia e talvez perseguição de seus integrantes, o temor já citado por Putin.

Para Poroshenko, a igreja sob Moscou ajudava a fomentar revolta contra o governo de Kiev, em especial nas regiões de maioria separatista, o que Cirilo nega.

O cisma remete às antigas rivalidades dos dois países, que têm raízes culturais compartilhadas. Ele dá tom de guerra cultural e espiritual ao estágio atual da disputa, depois do fim da União Soviética em 1991.

Desde então, governos pró e contra Moscou se alternaram, e a prioridade do Kremlin é bloquear a ambição daqueles que pregam a inserção da Ucrânia em organismos ocidentais como a União Europeia ou a Otan (aliança militar liderada pelos EUA), não menos porque o grande território do vizinho serve de tampão entre suas forças e a dos adversários.

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PF rastreia pagamentos de R$ 23 Mi da JBS a empresas de Kassab

PF rastreia pagamentos de R$ 23 Mi da JBS a empresas de Kassab

Por: Estadão – Fabio Leite e Luiz Vassallo
Em: São Paulo 04/01/2019 12h13
URL: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2019/01/04/pf-ja-rastreia-pagamentos-de-r-23-mi-da-jbs-a-empresas-de-kassab.htm

A Polícia Federal rastreou pagamentos de R$ 23,1 milhões da JBS a duas empresas do ex-ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações). Os valores constam do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no âmbito do inquérito que investiga repasses de R$ 58 milhões pelos irmãos Wesley e Joesley Batista à Kassab e ao seu partido, o PSD. No documento, a PF diz ver indícios de lavagem de dinheiro.

Por meio de nota, Kassab afirma que ‘as empresas prestaram os serviços, a preços de mercado, que estão documentados de forma robusta e consistente, em relação comercial iniciada em 2006 ainda com empresa que foi posteriormente adquirida pela JBS’. “Tais informações já foram apresentadas à investigação”. O ex-ministro ainda ‘reitera sua confiança na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa, e entende que quem está na vida pública deve estar sujeito à especial atenção do Judiciário’. Kassab reforça ‘estar à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários e ressalta, mais uma vez, que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público’.

Nomeado secretário-chefe da Casa Civil pelo governador paulista João Doria (PSDB), Kassab se licenciou oficialmente do cargo nesta sexta-feira, 4, para se dedicar à defesa das acusações. Em acordo de delação premiada, o empresário Wesley Batista afirmou que Kassab recebeu uma mesada de R$ 350 mil da empresa entre 2010 e 2016, totalizando R$ 30 milhões, “em troca de eventual influência política futura em demandas de interesse da JBS”. Já o executivo Ricardo Saud disse que a empresa repassou outros R$ 28 milhões ao PSD pela compra de apoio político acertada com o PT.

Segundo Wesley, os pagamentos a Kassab foram feitos de forma dissimulada através de notas fiscais falsas emitidas pela empresa Yape Assessoria e Consultoria Ltda., da qual Kassab foi sócio até 2014 e foi administrada por seus irmãos até janeiro de 2017, quando foi dissolvida. A partir da delação da JBS, o Coaf identificou uma série de transações financeiras suspeitas envolvendo a Yape Assessoria e a Yape Transportes, Comércio e Participações Ltda., outra empresa da família Kassab.

De acordo com o relatório da PF produzido a partir dos dados do Coaf, a Yape Assessoria recebeu R$ 16,9 milhões da JBS entre janeiro de 2013 e abril de 2017. “Verifica-se que a empresa JBS foi a principal fonte dos recursos movimentados pela Yape Consultoria no período pesquisado”, aponta o relatório. Ao todo, a empresa de Kassab movimentou R$ 37,9 milhões no mesmo período. “Observa-se também que que a destinação desses valores foi pulverizada entre seus sócios”, completa o documento.
Somente Kassab, segundo a PF, retirou R$ 1,26 milhão da Yape Assessoria e Consultoria nesses quatros anos. Já a Yape Transportes, que funciona no mesmo endereço, na Vila Clementino, zona sul de São Paulo, recebeu ao menos R$ 6,15 milhões da JBS entre 2013 e 2016. O relatório destaca que entre os dias 7 e 8 de janeiro de 2013 houve um pagamento de R$ 300 mil da JBS à Yape Transportes e, na sequência, a empresa da família Kassab emitiu um cheque de R$ 230 mil ao ex-ministro.

A PF aponta que Kassab já havia recebido, entre julho e dezembro de 2012, ou seja, quando ainda era prefeito de São Paulo, R$ 920 mil das duas empresas da família. “No prosseguimento da presente análise, observou-se diversas ocorrências relativas a movimentações em contas titularizadas pelos sócios da empresa Yape Consultoria e Yape Transportes, quase todos parentes de Gilberto Kassab, com situações comuns e dignas de registro, pois indicativas, pelo menos em tese, de possível indício de lavagem de dinheiro”.

À PF, Kassab e seu irmão Renato Kassab rebateram os delatores da JBS e afirmaram que suas empresas prestaram serviços de consultoria na área de transportes e de arrendamento de 30 caminhões para uma fábrica do grupo dos irmãos Batista na cidade de Lins, no interior paulista. A defesa de ambos chegou a mostrar troca de e-mails e plano de trabalho apresentados pela Yape à JBS.

Outros funcionários da JBS ouvidos pela PF afirmaram desconhecer qualquer contrato da empresa com a Yape Consultoria e confirmaram o contrato dos caminhões com a Yape Transportes. Apesar disso, José Roberto Aguera Tranjan Junior, ex-diretor de Transportes da JBS, disse em depoimento que, em 2013, chegou a falar com Wesley Batista que o contrato com a Yape Transportes, no valor de R$ 300 mil mensais, “não era necessário” e sugeriu sua rescisão, mas ouviu do dono da JBS que ele “deveria ser mantido”, sem saber por qual razão.

Kassab foi alvo de buscas e apreensões em 19 de dezembro, autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Na ocasião, foram encontrados R$ 301 mil em espécie no apartamento de Kassab, no bairro dos Jardins, zona sul paulistana. Após a operação, no dia 28, Kassab pediu a Doria licença antecipada do cargo de chefe da Casa Civil, que assumiria no dia 1º de janeiro. Ele assinou a posse, mas não foi ao evento para preservar o tucano. A licença só foi publicada nesta sexta-feira, 4, no Diário Oficial do Estado.

Com a palavra, Kassab
“Gilberto Kassab reafirma que as empresas prestaram os serviços, a preços de mercado, que estão documentados de forma robusta e consistente, em relação comercial iniciada em 2006 ainda com empresa que foi posteriormente adquirida pela JBS. Tais informações já foram apresentadas à investigação. Kassab reitera sua confiança na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa, e entende que quem está na vida pública deve estar sujeito à especial atenção do Judiciário. Reforça estar à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários e ressalta, mais uma vez, que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público”.

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Em delação, Marcos Valério diz que partido tem ligação com facção criminosa

Em delação, Marcos Valério diz que partido tem ligação com facção criminosa

Por: Marcelo da Fonseca
Em: postado em 07/12/2018 16:30 / atualizado em 07/12/2018 16:39
URL: https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2018/12/07/interna_politica,1011405/em-delacao-marcos-valerio-diz-que-partido-tem-ligacao-com-faccao-crim.shtml

Defesa do publicitário alega que ele sofre ameaças dentro da penitenciária Nelson Hungria e que precisa de tratamento para um linfoma no esôfago.

O publicitário Marcos Valério, que cumpre pena na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, contou em delação premiada a relação entre um partido político com uma facção criminosa.

O depoimento é mantido em sigilo de Justiça e não foram revelados o partido e o grupo criminoso citado por Valério. Em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa de Valério afirmou que ele sofre ameaças de outros presidiários e pede que ele tenha progressão de pena para cumprir o resto de sua punição em prisão domiciliar.

O ministro do tribunal Luís Roberto Barroso determinou que a Vara de Execuções Penais de Contagem garanta a integridade física de Valério.

Além das ameaças, a defesa afirma que Valério foi diagnosticado com um câncer no esôfago e que está impossibilitado de tratar no presídio.

“Infelizmente a situação é gravíssima. Pessoas de dentro da unidade estão ameaçando. E também apontamos a questão da saúde. Ele está com linfoma no esôfago e precisa fazer tratamento com médico particular, já que a estrutura carcerária não oferece as condições adequadas”, diz o advogado de defesa Jean Kobayashi.

Valério cumpre pena de 37 anos e 5 meses de prisão após ser condenado no esquema do Mensalão pelos crimes de peculato, corrupção ativa, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O publicitário está preso desde 2013.

Denúncia de falta grave

Além de pedir a garantida da integridade de Valério, em seu parecer, o ministro Barroso pede informações sobre o procedimento aberto para apurar suposta falta grave cometida quando já estava preso.

De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, o condenado foi beneficiado ao ter direito a visitas fora do horário determinado, por usar telefone de forma irregular e por não precisar usar algemas durante escoltas policiais.

Marcos Valério fecha acordo de delação com a PF
“Oficie-se com a máxima urgência ao juízo da Vara de Execuções da Comarca de Contagem-MG para que adote todas as medidas necessárias para assegurar ao sentenciado o respeito à sua integridade física e moral. Juízo que deverá informar a esta Corte, pelo meio mais célere possível, sobre o resultado do procedimento administrativo de apuração de falta grave supostamente cometida pelo reeducando”, diz o parecer de Barroso.

A defesa de Valério afirma que o procedimento administrativo não pode impedir que ele seja beneficiado pela progressão de regime, uma vez que o processo pode se alongar.

“Esse processo nem começou. Ele terá que ser ouvido ainda. Mesmo assim, a progressão não pode ser barrada por causa dessa falta, que não passou de um achismo do Ministério Público através de denúncias infundadas. Valério não estava usando algemas porque teve o punho quebrado e precisa passar por uma cirurgia”, afirmou Kobayashi.

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MEC define idades para a entrada no ensino infantil e fundamental, mas polêmica persiste

MEC define idades para a entrada no ensino infantil e fundamental, mas polêmica persiste

Por: Junia Oliveira
Em: postado em 02/01/2019 06:00 / atualizado em 02/01/2019 07:23
URL: https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2019/01/02/internas_educacao,1017853/idades-para-a-entrada-no-ensino-infantil-e-fundamental-geram-duvidas.shtml

Regras para entrada na escola dão nó nas cabeças dos pais no ano de transição para adoção da data única para disciplinar ingressos no ensino de crianças que completam 4 ou 6 anos

O que antes servia apenas para nortear estados e municípios, agora tem força de lei. O Ministério da Educação (MEC) sacramentou, em forma de portaria, a resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) determinando a data de 31 de março como limite para crianças que completam 4 e 6 anos entrarem nos ensinos infantil e fundamental, respectivamente. O país tem a questão uniformizada, mas o corte etário continua causando confusão entre as famílias e escolas. A regulamentação, cujo martelo foi batido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto, muda as regras em Minas Gerais, apesar de a lei em vigor, que determina 30 de junho como referência, ainda não ter sido revogada. Na prática, as mudanças valem apenas para 2020, uma vez que o cadastramento escolar da rede pública foi feito antes da normatização. Em período de matrícula, os estabelecimentos privados ainda aceitarão novos alunos nas normas antigas. E, para evitar prejuízos, quem já está na sala de aula, independentemente da série, segue seu percurso, sem alteração.

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No início de agosto, o STF julgou se era da competência ou não do CNE fixar a data de corte para ingresso em todo o Brasil. E concluiu que o conselho tem competência para tal e pode fixar a resolução, que surgiu para nortear a questão no país e, até então, não tinha caráter de lei. A decisão foi tomada em resposta a duas ações conjuntas que tratavam do tema. Uma delas foi ajuizada em 2013 pela Procuradoria-Geral da República e contestava as resoluções 6/2010 e 1/2010, que definiram a data de corte de 31 de março para 4 anos e 6 anos.

A outra, de 2007, foi ajuizada pelo governo do Mato Grosso do Sul, que pedia a declaração de constitucionalidade dos artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação com a interpretação de que o ingresso no ensino fundamental está limitado a crianças com 6 anos de idade completos no início do ano letivo. Pela legislação mineira, crianças que completam 4 anos ou 6 anos até 30 de junho entram no ensino infantil (1º período) ou no fundamental, no ano corrente.

Para uniformizar a questão, desta vez, o MEC publicou, em 5 de outubro, a Portaria 1.035, em que o homologa o parecer do CNE e põe fim às diferenças de entendimento país afora. Em caráter de exceção, a lei assegura às crianças que estão matriculadas e frequentando instituições de ensino até a data de publicação da portaria, mesmo que o aniversário seja entre 1º de abril e 30 de junho (data usada em pelo menos outros quatro estados, além de Minas), o prosseguimento sem retenção. Em oito anos, é a terceira vez que a data de corte é alterada em Minas. Em 2010, quando do parecer do CNE, ela mudou de abril para maio. Dois anos depois, a lei mineira estabeleceu novos critérios e, agora, vem a uniformização. Nos casos anteriores, as crianças que já estavam na escola tiveram sua etapa sacrificada, sendo necessário avançá-las ou retê-las.

Também em outubro, a Secretaria de Estado de Educação publicou orientação seguindo a portaria do MEC. No fim do mês passado, foi a vez da Secretaria Municipal de Educação (Smed) entrar na questão. A Resolução 001/2018, do Conselho Municipal de Educação, estabeleceu diretrizes operacionais complementares para a matrícula de crianças na rede pública, considerando 2019 como um período de transição. Assim, as novas matrículas serão consideradas a partir de 2019, para ingresso em 2020.

PREJUÍZO? A analista de sistemas Luciana Leal Ambrósio, de 40 anos, vê ainda com desconfiança as mudanças e teme prejuízos à filha Sarah Ambrósio Lana, de 4. A menina faz aniversário dia 4 de abril e, ao saber por uma amiga das novas regras, no início do segundo semestre, teve medo de ela ficar retida no 1º período, série da educação infantil que cursou neste ano. “Quando soube, foi uma sensação de desalento. Por causa de quatro dias, minha filha seria obrigada a repetir de ano mesmo sendo capaz de acompanhar todas as outras crianças de sua turma perfeitamente”, contou. Luciana pensou em tirar Sarah da atual escola, caso o cenário inicialmente imaginado se confirmasse. “Acredito que para uma criança de 5 anos seja doloroso ver todos seus coleguinhas serem ‘aprovados’ e ela não. Além disso, há a questão financeira envolvida e o fato de a criança estar apta a seguir em frente”, diz.

Mesmo já tendo conversado na escola e tido assegurado que a lei prevê a continuidade do percurso escolar, Luciana ainda tem medo de Sarah ter a matrícula para o 1º ano negada ano que vem para ingresso em 2020. “Nesses casos, acho que é um prejuízo emocional para a criança e financeiro para os pais, sem justificativa plausível, uma vez que ela se encontra perfeitamente adaptada a sua atual condição.”

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Máfias, banco genético e fim de refúgio a bandidos: leia o discurso de Moro

Máfias, banco genético e fim de refúgio a bandidos: leia o discurso de Moro

Do UOL, em São Paulo e Brasília
02/01/2019 11h24Atualizada em 02/01/2019 12h34
URL: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/01/02/moro-discurso-posse-ministerio-justica.htm

Em seu discurso de posse como ministro da Justiça, Sergio Moro acenou à continuidade de projetos de seus antecessores no cargo, explicou os motivos pelos quais aceitou o convide do presidente Jair Bolsonaro para assumir a pasta e apresentou as propostas para sua gestão. “Um juiz em Curitiba pouco pode fazer a esse respeito [combater a corrupção], no âmbito de políticas gerais, mas no governo feeral a história pode ser diferente.”

Leia a íntegra do discurso de posse de Moro:

“Bom dia a todos os presentes.

Gostaria de cumprimentar inicialmente o Exmo. Presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que muito nos honra com sua presença.

O Supremo Tribunal Federal, instituição criada pela genialidade de Rui Barbosa e inspirada na Suprema Corte norte-americana, é uma pedra fundamental do Estado de Direito e da democracia, a qual rendo minhas homenagens.
O Ministro Dias Toffoli é também Presidente do Conselho Nacional de Justiça, que tem um papel fundamental na Administração da Justiça. Recentemente, o Ministro declarou que a Justiça e em especial o CNJ deve se envolver mais na incrementação da qualidade das políticas penitenciárias e da segurança pública. Quero dizer desde logo que o Ministério da Justiça e da Segurança Pública pretende ser um importante parceiro nessas iniciativas e esperamos manter uma relação próxima de cooperação para a construção de um futuro melhor nessa área.

Cumprimento os Presidentes das Cortes Superiores e demais magistrados presentes.

Cumprimento especial aos Ministros ora presentes.

Congratulação também especial a minha equipe aqui presente, pessoas dignas e competentes que aceitaram o desafio de dividir comigo as enormes responsabilidades do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Não se faz um bom trabalho sem uma boa equipe e posso dizê-lo que os selecionei em vista de seu histórico profissional, de competência e bravura, e dos senhores e senhoras espero somente o melhor.

Um cumprimento especial aos Ministros que me antecederam, Raul Jungmann e Torquato Jardim. V. Exas dignificaram os cargos durante a sua gestão e me honra sucedê-los.

Também estendo esse cumprimento as suas respectivas equipes e aos valorosos servidores da Justiça e da Segurança Pública com os quais dividirei sonhos, mas também desafios. Cumprimento todas as demais autoridades, senhoras e senhores.

Quero explicar, em rápidas palavras, porque aceitei o convite de nosso Presidente, o Exmo. Sr. Jair Bolsonaro, deixando vinte e dois anos de magistrado e uma relativamente confortável carreira, pelo menos nos aspectos de vencimentos e aposentadoria. No mais, todos sabem, o trabalho como magistrado não foi tão confortável.

Ontem mesmo, verifiquei que o Brasil, apesar da Operação Lava Jato e dos enormes esforços aqui e ali contra a corrupção, permanece em uma posição relativamente ruim nos índices de percepção quanto à existência de corrupção nos rankings anuais da Transparência Internacional.

Entre 180 países, o Brasil ocupa a nonagésima sexta posição. Rigorosamente a pontuação obtida pelo país, 37 em cem pontos possíveis, caiu desde 2014, quando do início da Operação Lava Jato. Talvez os esforços judiciais, ao revelarem a magnitude da corrupção entre nós, tenham contribuído, paradoxalmente, para elevar a percepção dela, ao invés de, esses esforços, terem chamado a atenção para o quanto nos temos nos dedicado a superá-la.

Isso para mim ilustra uma verdade conhecida. Não se combate a corrupção somente com investigações e condenações eficazes.

Elas são relevantes pois não há combate eficaz à corrupção com impunidade e sem riscos de punição para os criminosos.

Mas não são suficientes. São necessárias políticas mais gerais contra a corrupção, com leis que tornem o sistema de Justiça mais eficaz e leis que diminuam incentivos e oportunidades contra a corrupção. Um juiz em Curitiba pouco pode fazer a esse respeito, no âmbito de políticas gerais, mas no Governo Federal a história pode ser diferente.

Há um outro grande desafio, o crime organizado. Grupos criminosos organizados, alguns que dominam nossas prisões, estão cada vez mais poderosos. É preciso enfrentá-los com leis mais eficazes, com inteligência e operações coordenadas entre as diversas agências policiais, federais e estaduais.

O remédio é universal, embora nem sempre de fácil implementação, prisão dos membros, isolamento carcerário das lideranças, identificação da estrutura e confisco de seus bens. Assim, se leva ao enfraquecimento e ao desmantelamento delas. Não é uma tarefa impossível. Nos Estados Unidos, as famílias mafiosas, outrora superpoderosas, foram desmanteladas pelo FBI e pelo Departamento de Justiça a partir da década de oitenta. Na Itália, a aura de invencibilidade da Costa Nostra siciliana foi quebrada graças aos esforços conjuntos da polícia, do Ministério Público e de magistrados, entre eles os juízes heróis Giovanni Falcone e Paolo Borselino. O crime violento também aterroriza a população brasileira. As elevadas taxas de homicídio constituem o pior exemplo, mas os índices de roubos armados, estupros e de crimes violentos em geral geram uma atmosfera de insegurança e que deve ser combatida com estratégia, inteligência e políticas públicas eficazes.

Essas elevadas taxas de criminalidade, seja do crime de corrupção, seja do crime organizado, seja do crime violento, prejudicam o ambiente de negócios e o desenvolvimento. Pior do que isso geram desconfiança e medo, afetando a credibilidade das instituições e, em certo nível, a própria qualidade da democracia e da vida cotidiana.

Não há uma resposta fácil, mas o compromisso do Ministério é, com todos os esforços e dedicação possível, do Ministro, dos Secretários, dos dirigentes e dos demais servidores, iniciar um ciclo virtuoso de diminuição de todos esses crimes.

Tudo isso dentro de um ambiente de respeito às instituições e ao Estado de Direito.

Tudo isso com uma esperada parceria com os Estados e os Municípios.

Os planos ainda estão em elaboração e não caberia aqui detalhá-los.

Apenas alguns exemplos.

Pretendo que a Secretaria Nacional de Segurança Pública, utilizando sabiamente o Fundo Nacional de Segurança Pública, construção do Ministro Raul Jungmann, atue, não só com investimentos para auxiliar as polícias estaduais e distrital, mas também para padronizar procedimentos, gestão e estrutura, respeitadas as autonomias locais. Deve ter um papel equivalente ao da intervenção federal do Rio de Janeiro e que reestruturou a Segurança Pública naquele Estado. Aqui evidentemente substituindo intervenção por cooperação.

Pretendo que o Departamento Penitenciário Nacional incremente a qualidade das penitenciárias federais, para o absoluto controle das comunicações das lideranças de organizações criminosas com o mundo exterior, pretendo ainda que ele destrave os investimentos nas estruturas prisionais dos Estados e do Distrito Federal, quiçá elaborando e deixando à disposição deles projetos e modelos de penitenciárias, evitando que os recursos disponibilizados pelo Fundo Nacional Penitenciário fiquem imobilizados por falta de projetos e execução, como infelizmente ocorre. Precisamos com investimentos e inteligência recuperar o controle do Estado sobre as prisões brasileiras.

Pretendo que o Banco Nacional de Perfis Genéticos, um instrumento de vanguarda para a elucidação de crimes, especialmente crimes de sangue, e igualmente um inibidor da reincidência criminosa, deixe de ser apenas uma miragem legal. Ao cabo de quatro anos, nosso compromisso é de que sejam inseridos no banco o perfil genético de todos os condenados por crimes dolosos no Brasil ou, se não conseguirmos a alteração pretendida na lei, de todos os condenados por crimes dolosos violentos. Respeitosamente, quero contar, para esse projeto, com o apoio do Conselho Nacional de Justiça, uma vez que já há um projeto em andamento de colheita de dados biométricos dos presos.

Pretendo que o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, o DRCI, aprofunde a cooperação jurídica internacional, para que o refúgio do criminoso no exterior seja uma alternativa cada vez mais arriscada. Não deve haver portos seguros para criminosos e para o produto de seus crimes. Quando países não cooperam, quem ganha é somente o criminoso. O Brasil não será um porto seguro para criminosos e jamais, novamente, negará cooperação a quem solicitar por motivos político partidários.

Pretendo que a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e todos os demais órgãos de controle e inteligência, entre eles o COAF, possam agir com os recursos e as liberdades necessárias. Não cabe ao Ministro interferir nessa liberdade, ao contrário deve provê-los com os meios necessários para o desenvolvimento de suas tarefas. Nessa linha, aliás, um dos imediatos compromissos, não meu, mas que me foi apresentado pelo Diretor Geral da Polícia Federal será o de reestruturar e fortalecer as diversas Forças tarefas e equipes policiais encarregadas de investigar a grande corrupção, seja nos inquéritos em Curitiba, São Paulo e no Rio de Janeiro, seja nas investigações perante as Cortes Superiores de Brasília.

Pretendo que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, a SENAD, transforme-se progressivamente em uma agência encarregada da gestão e alienação do produto de crimes de tráfico de drogas. O tráfico de drogas, que envenena nossa sociedade e nossas famílias, é infelizmente uma atividade muito lucrativa. O Estado deve se servir de uma forma mais eficaz dos bens confiscados desses grandes criminosos e com eles financiar a segurança pública e a recuperação dos dependentes químicos, além de investir em políticas de prevenção. Infelizmente, isso é feito de uma maneira ainda muito tímida, desperdiçando recursos valiosos.

Um dos objetivos prioritários será apresentar um projeto de lei anticrime já no início da próxima legislatura e lutar para convencer, com respeito e toda a abertura ao diálogo, os parlamentares. Não haverá aqui a estratégia não muito eficaz de somente elevar penas.

Pretende-se, sim, enfrentar os pontos de estrangulamento da legislação penal e processual penal e que impactam a eficácia do Sistema de Justiça Criminal. Propostas simples, mas eficazes, como, entre outros, a previsão de operações policiais disfarçadas para combater o crime, proibição de progressão de regime para membros de organizações criminosas armadas, e o plea bargain para que a Justiça possa resolver rapidamente casos criminais nos quais haja confissão.

Pretende-se deixar mais claro na lei, como já decidiu diversas vezes o Plenário do Supremo Tribunal Federal, que, no processo criminal, a regra deve ser a da execução da condenação criminal após o julgamento da segunda instância. Esse foi o mais importante avanço institucional dos últimos anos, legado do saudoso Ministro Teori Zavascki.

Pretendemos honrá-lo e igualmente beneficiar toda a população com uma Justiça célere, consolidando tal avanço de uma maneira mais clara na lei. Processo sem fim é justiça nenhuma.

Pretende-se ainda fortalecer o Tribunal do Júri, prevendo a execução imediata dos veredictos condenatórios, como já decidiu a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Esses são alguns exemplos das medidas previstas no projeto em elaboração.

Adiante virão projetos mais complexos, que terão que ser debatidos com outras pastas, para reduzir incentivos e oportunidades para a prática da corrupção e de outros crimes. Na elaboração, quero contar com os subsídios de outras instituições, como o Ministério Público, como os órgãos policiais, e da sociedade civil organizada, como de entidades como a Transparência Internacional.

Não desconheço que o Ministério tem outras grandes responsabilidades, com políticas na área do consumo, da imigração, registros sindicais e arquivo nacional. Também terão a nossa atenção.

Nada disso será fácil, mas a missão prioritária dada pelo Sr. Presidente Jair Bolsonaro foi clara, o fim da impunidade da grande corrupção, o combate ao crime organizado e a redução dos crimes violentos, tudo isso com respeito ao Estado de Direito e para servir e proteger o cidadão.

Não podemos nos achar impotentes diante de todos esses desafios. Avançamos, como país, muito até aqui, mas podemos avançar muito mais. Conto, respeitadas as opiniões diversas, com o apoio crítico de todos para que, ao fim dessa gestão, tenhamos um ambiente melhor para todos.

O brasileiro, seja qual for a sua renda – e lembremos que o crime atinge mais fortemente os mais vulneráreis, tem o direito de viver sem medo da violência e sem medo de ser vítima de um crime, pelo menos nos níveis epidêmicos atualmente existentes.

O brasileiro, seja qual for a sua renda – e lembremos que o desvio de recursos públicos atinge mais fortemente os mais vulneráveis e os mais dependentes dos serviços públicos, tem o direito de viver sem a sensação de que está sendo roubado ou enganado pelos seus representantes nas diversas esferas de poder. Tem o direito de que os recursos dos cofres públicos sejam destinados ao bem-estar geral e não ao enriquecimento ilícito dos poderosos.

É preciso construir e manter a confiança entre governantes e governados. O cidadão tem o direito de viver em um ambiente no qual tenha presente que o Ministério da Justiça e da Segurança Pública e o próprio Governo estão ao seu lado e não contra ele.

Um Governo no qual ele possa confiar que fará a coisa certa diante dos vários problemas que se apresentarão. Fazer a coisa certa pelos motivos certos e do jeito certo será o nosso lema e estará sempre presente em nossas mentes.

Finalizando, os desafios são grandes, mas eu e minha equipe e talvez possa dizer que nós, todos os brasileiros, temos uma esperança infinita de que eles podem ser resolvidos com vontade, dedicação e respeito a todos.

Muito obrigado por sua atenção. Mãos a obra.

Brasília, 02 de janeiro de 2019.

Sergio Fernando Moro”

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Temer sanciona lei que libera uso do FGTS para socorrer santas casas

Temer sanciona lei que libera uso do FGTS para socorrer santas casas

Por: Poder360
Em: 27.dez.2018 (quinta-feira) – 21h50
URL: https://www.poder360.com.br/governo/temer-sanciona-lei-que-libera-uso-do-fgts-para-socorrer-santas-casas/

Cinco por cento serão destinados

Acumulam dívidas de R$ 21 bilhões

O presidente Michel Temer sancionou nesta 5ª feira (27.dez.2018), sem vetos, a lei que autoriza a criação de linha de crédito com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para socorrer as santas casas e os hospitais filantrópicos que atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Segundo o governo federal, as santas casas acumulam dívidas de R$ 21 bilhões. A Lei 8.036/1990, que dispõe sobre o FGTS, agora determina que 5% do programa anual de aplicações do FGTS deverão ser destinados a essa linha de financiamento.

O texto estabelece ainda que as taxas de juros cobradas às entidades hospitalares filantrópicas não poderão ser maiores do que as cobradas para financiamento habitacional. A tarifa operacional única não poderá ser maior do que 0,5% da operação.

A lei estabelece também que os operadores da linha de crédito serão: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).

Caso os recursos não sejam utilizados pelas instituições de saúde, poderão ser destinados a aplicações em habitação, em saneamento básico e em infraestrutura urbana.

(com informações da Agência Brasil)

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Legista colombiano diz que testemunha de caso Odebrecht morreu de ataque cardíaco

Por: Reuters
Em: 17/11/2018 14h26
URL: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2018/11/17/legista-colombiano-diz-que-testemunha-de-caso-odebrecht-morreu-de-ataque-cardiaco.htm

BOGOTÁ (Reuters) – Uma investigação colombiana sobre a morte de Jorge Enrique Pizano, testemunha-chave de um caso de corrupção envolvendo a construtora Odebrecht, concluiu que ele morreu de um ataque cardíaco, disse o legista na sexta-feira.

O gabinete do procurador-geral ordenou na terça-feira uma investigação sobre a morte, ocorrida em 9 de novembro, depois de o filho de Pizano, Alejandro Pizano Ponce de León, ter morrido dois dias depois por envenenamento com cianeto.

O procurador-geral disse que Pizano Ponce de León bebeu água de uma garrafa sobre a mesa do pai e morreu em minutos. O filho havia chegado no dia anterior a Barcelona para o funeral do pai.

As mortes são o mais recente desdobramento de uma investigação que tem a Odebrecht no centro de um enorme escândalo de corrupção na América Latina. A empresa reconheceu em acordo de 2016 que havia dado propinas a autoridades de vários países.

Jorge Pizano, auditor de uma concessão rodoviária da qual a Odebrecht era sócia, havia auxiliado promotores que investigavam acusações de que a empresa brasileira teria pago 30 milhões de dólares em propinas para garantir contratos na Colômbia.

A Odebrecht expressou pesar pelas mortes na sexta-feira e disse que continuaria a colaborar com as autoridades judiciais colombianas.

(Por Helen Murphy)

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Filho de testemunha-chave do caso Odebrecht na Colômbia morre envenenado 3 dias após morte do pai

Por: Boris Miranda (@ivanbor) – Da BBC News Mundo na Colômbia
Em: 14/11/2018 12h09
URL: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2018/11/14/filho-de-testemunha-chave-do-caso-odebrecht-na-colombia-morre-envenenado-3-dias-apos-morte-do-pai.htm

O arquiteto Alejandro Pizano Ponce de León, filho de Jorge Enrique Pizano, testemunha-chave no escândalo de pagamento de propinas feitos pela empreiteira Odebrecht na Colômbia, morreu envenenado com cianeto três dias após a morte do pai.

O caso já havia tido uma reviravolta inesperada com a morte de repentina de Jorge Enrique na quinta-feira, aparentemente por infarto. O envenenamento de seu filho Alejandro foi confirmado pelo Instituto Médico Legal e pela procuradoria geral da Colômbia na terça-feira.

“De acordo com os resultados da autópsia, a causa da morte foi envenenamento por ingestão de cianeto”, afirma a nota da procuradoria.

O relatório afirma que as “provas encontradas na residência de seus pais indicam que a vítima havia encontrado o cianeto em uma garrafa de água saborizada que estava no escritório de seu pai, da qual tomou um gole”.

Alejandro Pizano havia vindo de Barcelona, na Espanha, para comparecer ao funeral do pai.
Jorge Enrique Pizano

O escândalo da Odebrecht chegou a ser chamado de “maior rede de subornos internacionais da história” e envolveu presidentes, ex-presidentes e dezenas de autoridades de países da América Latina e da África. Na Colômbia, é um dos escândalos de corrupção mais comentados nos últimos anos.

No país, o engenheiro Jorge Enrique Pizano foi quem fez as denúncias mais importantes de irregularidades em contratos e subornos dentro de um projeto de construção de estradas que teve participação da empreiteira e de consórcios colombianos entre 2010 e 2014.

Em um acordo feito com a Justiça dos EUA, a empreiteira admitiu uma série de pagamentos de propinas em diversos países da região, e se comprometeu a auxiliar nas investigações. A empresa também se dispôs a pagar multas e reparações aos países afetados.

Antes de sua morte, surgiram notícias de que o engenheiro tentava obter ajuda da Justiça americana para se tornar testemunha protegida em troca das provas que tinha para oferecer.

Dois dias depois da morte, o canal de TV colombiano Notícias Uno publicou áudios de 2015 em que Pizano fala com o procurar-geral da República da Colômbia, Nelson Humberto Martínez, sobre as irregularidades.

Na época, Martínez era assessor legal de um dos consórcios envolvidos no projeto viário.

O canal Notícias Uno afirmou que os áudios foram entregues à emissora por Pizano com o pedido de que fossem tornados públicos caso ele morresse.
O envenenamento

A notícia do envenenamento do filho de Pizano fez com que as autoridades reabrissem a investigação sobre as causas da morte de seu pai.

A informação inicial era de que ele havia sofrido um infarto fulminante. Seu corpo foi cremado pouco após a morte.

“Na autópsia (de Jorge Enrique Pizano) foram coletadas várias amostras de tecido. A investigação que a procuradoria abriu neste momento com certeza vai analisar essas amostras”, afirma Carlos Valdez, diretor do Instituto Médico Legal.

A procuradoria também tenta entender o que uma garrafa de água com cianeto estava fazendo no escritório do engenheiro em sua fazenda, que fica em Subachoque, próximo a Bogotá.

Alejandro Pizano será enterrado nesta quarta.

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Mais uma testemunha de investigação envolvendo a Odebrecht é encontrada morta na Colômbia

Em: 27/12/2018 18h23
Por: EFEI – Bogotá
URL: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2018/12/27/testemunha-do-caso-odebrecht-e-encontrada-morta-na-colombia.htm

Rafael Merchán, ex-secretário de Transparência da presidência da Colômbia e uma das testemunhas da investigação envolvendo a Odebrecht no país, foi encontrado morto nesta quinta-feira em Bogotá, dois meses depois da morte de Jorge Enrique Pizano, outro importante colaborador da Justiça para esclarecer o caso.

“Tristeza infinita pela morte de um grande amigo, extraordinário ser humano, Rafael Merchán. Vai fazer muita falta. Que dor. Que descanse em paz”, escreveu no Twitter o ex-senador Carlos Fernando Galán, que era muito próximo ao ex-secretário de Transparência.

Segundo o jornal “El Tiempo”, o corpo de Merchán, que tinha 43 anos, foi encontrado em circunstâncias estranhas dentro da casa que ele vivia em Bogotá. O ex-secretário seria testemunha no processo penal contra Luis Fernando Andrade, ex-presidente da Agência Nacional de Infraestrutura (ANI), dentro do caso Odebrecht.

Andrade é acusado de ter cometido os crimes de interesse indevido na celebração de contratos, de ocultação, adulteração ou destruição de elementos materiais probatórios e de falso testemunho.

Os promotores investigam o aditivo do contrato de concessão da Rota do Sol II, assinado por Andrade como presidente da ANI. A Odebrecht liderava o consórcio responsável pelas obras.

Jorge Enrique Pizano morreu após sofrer um infarto. Três dias depois, um de seus filhos, o arquiteto Alejandro Pizano Ponce de León, morreu envenenado após beber uma garrafa de água que estava na escrivaninha do quarto de seu pai.

Pizano trabalhava como auditor e representava o Grupo Aval no contrato de concessão da Rota do Sol. Segundo o Ministério Público da Colômbia, a Odebrecht pagou 84 milhões de pesos (R$ 28,35 milhões) em propinas para vencer a licitação.

O diretor do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses da Colômbia, Carlos Valdés, renunciou ao cargo em meio ao uso polêmico de provas sobre a morte de Pizano.

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