Alvarenga Milton

Nem darwinismo nem criacionismo: é o design inteligente que explica a guerra política nas redes

Nem darwinismo nem criacionismo: é o design inteligente que explica a guerra política nas redes

A revista VICE fez uma matéria alegando que a guerra política – vencida pela direita nestas eleições – é basicamente planejada. Ou seja, alega-se que tudo que é feito nas redes – em direção a pautas ou uma campanha – é fruto de um planejamento central:

O influenciador Paulo, da direita, não concordou com a matéria, afirmando, também no Twitter, o seguinte: “A VICE fez texto sobre memes toscos visualmente da direita… professor da USP garante que é tudo planejado, parte de estratégia gigante de marketing Não conseguem entender até hoje que não é NADA planejado, é tosco pq é gente comum fazendo, não designer, cegueira impressionante”.

Até aqui então temos duas teses indo em duas direções diametralmente opostas:

A tese do planejamento total: esta tese afirma que tudo aquilo que vemos na Internet – em termos de guerra memética, seja no YouTube, no Facebook e principalmente no WhatsApp – é fruto de um planejamento.
A tese da inexistência total de planejamento: esta tese diz que nada aquilo que vemos na guerra política da Internet tem a ver com qualquer tipo de planejamento.
Ocorre que a verdade não está em nenhuma das teses, mas na coluna do meio. Aquilo que vemos nas redes sociais nasce principalmente de atitudes espontâneas, mas vão tomando corpo – pouco a pouco – a partir de ações planejadas e centralizadas, em uma cadeia de influência. No maior nível as decisões são completamente planejadas. Mas nos menores níveis, as decisões são espontâneas.

A cultura da convergência
Para entender esse fenômeno, é preciso compreender aquilo que se chama de “cultura da convergência”, tema abordado pelo autor Henry Jenkins em obras como “A Cultura da Convergência” e “A Cultura da Conexão”. Outro autor que pode nos ajudar é Clay Shirky, que escreveu “Lá vem Todo Mundo” e “A Cultura da Participação”. Por fim, outro autor recomendável é James Surowiecki, que escreveu “A Sabedoria da Multidões”.

Vamos a um breve apanhado do que pode ser entendido de uma sumarização das ideias desses autores.

Hoje em dia, as redes sociais deram mais voz às pessoas, mais do que no passado. O conceito de “prova social”, antes aplicado nas relações cotidianas, se moveu para explicar como alguém se sente “aprovado” nas redes sociais. O ser humano automaticamente quer pertencer a grupos, pois isso está codificado em seu hardware como um mecanismo de sobrevivência. Como teorizada por Jenkins, a cultura fã (dos “fandoms”) trouxe muita gente produzindo conteúdo de graça, meramente pela sensação de pertencimento.

A cultura Star Trek e os fãs de Matrix, produzindo vídeos com as temáticas que gostam pela Internet, são as principalmente manifestações desse fenômeno estudadas pelo autor. Obviamente serve para empresas cada vez mais conectadas, empresas de mídia e, é claro, seria utilizado por políticos. A campanha de Barack Obama foi o primeiro grande “case” de sucesso do uso da cultura fã.

Mas como isso funciona? Bem, não é possível que isso funcione de maneira planejada, pois, tal como mostra Clay Shirky, toda a espontaneidade natural se perderia. As pessoas que lutam por pertencimento (agindo espontaneamente) não lutariam da mesma maneira se tudo fosse baseado em incentivos financeiros, até porque não iria ter grana suficiente para todo mundo. Alguém que tem um canal com milhões de pessoas ganharia dinheiro, mas aquele que tem apenas 100 seguidores ficaria sem nada. Qual o incentivo para produzir assim? Logo, a espontaneidade é uma ferramenta fundamental desse processo.

Surowiecki demonstra que a agregação de informação em grupos resulta em decisões quase sempre melhores do que as que poderiam ser feitas individualmente, isso porque, em grupos fechados, existe o “pensamento de grupo”, viés da mente humana que limita as melhores decisões. Nesses grupos fechados e hierárquicos, muitas pessoas tem medo de dar suas ideias, por medo daqueles que possuem mais poder. Por isso, a criatividade vai pro buraco. Já os grupos mais “abertos” dão vazão à criatividade plena, além de muita motivação para produzir.

Juntando espontaneidade com planejamento
Mas como fazer tudo isso funcionar numa direção específica diante de tanta necessidade por espontaneidade como driver da criatividade? Aí é que entram as cadeias de influência.

Novamente aqui temos que compreender a natureza humana pela ótica da dinâmica social: as pessoas se motivam por uma relação de motivação versus recompensa. Pense numa cadeia básica, com vários níveis. No primeiro nível, estão aqueles que falam para um grupo de amigos. No segundo nível, estão os que falam para um público amplo. No terceiro nível, estão aqueles que falam para um público gigantesco, geralmente tendo alguns dos influenciadores anteriores orbitando em torno de si. No quarto nível, temos aqueles influenciadores – ocultos ou públicos – que conectam todos os outros níveis, ligados às estruturas partidárias (ou a uma empresa, ou um jornal, o que seja).

Quem está no primeiro nível, busca meramente a aprovação social. A medida que alguém vai subindo de nível, ele vai adquirindo espaço perante os que estão em um nível superior. Mas nestes níveis, falamos de interesses financeiros (ganhar dinheiro com anúncios, pautar temas, vender influência). Nem todos estão com os mesmos interesses. Alguns podem buscar apenas o interesse de ganhar dinheiro com o que faz. Se não existir nada de ilegal, não há problema algum. São os interesses humanos, independentemente do setor.

Lá no quarto nível, os interesses a serem atendidos são bem diferentes. Falamos de cargos e espaços de poder. Novamente, isso ocorre em todos os espectros políticos. Então não é uma coisa de “esquerda ou direita” ou de “neoconservadores ou liberais”. Há quem controle melhor essa dinâmica e há aqueles que são incompetentes nisso. O aprendizado é contínuo.

Para que a coisa funcione, aqueles no menor nível hierárquico não podem até suspeitar que são parte de uma engrenagem, mas não podem saber a direção de suas ações, pois sua atuação é espontânea e precisa continuar assim. Quanto mais subimos de nível, menor a espontaneidade. Logo, não temos uma reunião a salas fechadas envolvendo gente de todos os níveis da hierarquia para falar da “direção da campanha” ou coisa do tipo. Quem quer que estivesse no topo da cadeia e fizesse isso perderia o aspecto de espontaneidade. Não demoraria para alguém sair vazando informações.

Assim, a estrutura só pode operar em camadas de controle, sendo que no primeiro nível existe a espontaneidade total, enquanto que no nível mais alto temos o planejamento total. Esse planejamento não pode, de forma alguma, ditar formalmente todo o conteúdo a ser produzido nos níveis mais baixos da cadeia. Em vez disso, são utilizados recursos que impossibilitem a percepção do controle. Alguns deles são: (1) cadeias de solidariedade, (2) estrutura de indicação mútua, (3) exclusão de divergentes.

Muitas vezes grupos que atuam no nível 2 e 3 da cadeia podem estar, em algum momento, desconectados do nível 4. As vezes grupos nos níveis 2 e 3 podem estar disputando espaço para conseguirem contato direto e alinhamento com aqueles do nível 4. Por isso, se alguém teve sua reputação assassinada por um integrante do nível 2, isso não significa que essa atitude seja automaticamente aprovada por aqueles que estão no nível 4. Pode acontecer de esses grupos estarem disputando espaço para dizer, aos que estão no nível 4: “Ei, eu te represento, e eles não”. Então, não devemos ser precipitados e atribuir a uma campanha uma responsabilidade que pode estar apenas em um dos setores de militância (geralmente nos níveis 2 e 3).

As cadeias de solidariedade servem para dar apoio para os demais integrantes da “rede”. Ou seja, se alguém é banido, os demais saem em apoio. A solidariedade existe em vários aspectos. As estruturas de indicação mútua são muito bem coordenadas pelo nível 4, pois define quem são aqueles que recebem indicações dos demais. Se você viu, durante a campanha, canais duplicando, triplicando ou até quadruplicando de tamanho, isso se deve às estruturas de indicação mútua.

Esses elementos – (1) cadeias de solidariedade, (2) estrutura de indicação mútua, (3) exclusão dos divergentes – não são todos. Mesmo assim, já nos são úteis para clarear o funcionamento da exploração do mecanismo humano inerente de “busca de aprovação social” (ou seja, prova social). Já no primeiro nível, as pessoas tem medo de ficar fora das manadas. Elas precisam de aprovação social.

Muitas delas percebem, subconscientemente, qual é o conteúdo “aprovado” pelos níveis superiores da cadeia. Eles vão entendendo, aos poucos, o que vai gerar likes e retuítes e o que será excluído. Assim, elas agirão espontaneamente e motivadas a produzir conteúdo (sem receber dinheiro em troca), mas seu subconsciente já “entendeu” as regras do jogo.

Desta forma, fica claro como essas estruturas – utilizadas inicialmente na campanha de Barack Obama, e depois aprimoradas pela direita no Brexit e na campanha de Trump – não podem, de jeito algum perder a espontaneidade, mas necessariamente tomarão alguma direção (e serão planejadas principalmente nos níveis 3 e 4) em um dado momento. Seria impossível que esse direcionamento deixasse de existir, até pela própria natureza humana.

Sem esse tipo de controle, apenas no nível mais alto, não existiria o conceito de “sabedoria das multidões”, obviamente.

Conclusão
As duas teorias antagônicas – uma dizendo que “há planejamento total das ações virtuais” e outra dizendo que “não há nenhum planejamento nas ações virtuais” – são incompletas. Podemos dizer que a primeira teoria é quase como um criacionismo, enquanto a segunda estaria próxima de um darwinismo.

No criacionismo, tudo tem uma origem clara, criada por um propósito. No darwinismo, não há nenhum propósito. Enquanto na biologia a teoria darwinista é a mais válida, sua abordagem para o mundo das ideias – a memética, de Richard Dawkins – é incompleta. Há uma possibilidade de controle do fluxo de ideias, enquanto a própria natureza humana fará essa possibilidade se manifestar. Sem isso, não existiriam resultados concretos.

Se a teoria do design inteligente não serve para a biologia, ela seria útil se fosse adaptada para o mercado de ideias direcionado para empresas, políticos e órgãos de mídia. Assim é possível explorar a espontaneidade das pessoas e planejar a direção do fluxo dessas informações atendendo a interesses bem sólidos, principalmente a partir do entendimento da busca humana pela “prova social”.

Em suma, você tende estar agindo espontaneamente, mas ao mesmo tempo fazendo parte de uma ação coordenada. Logo, a tese de que “tudo que se vê na Internet é espontâneo” não serve, principalmente porque os mecanismos de controle para interferir na seleção das ideias incentivadas ou excluídas já foram usados por aqueles nos maiores níveis hierárquicos e, é claro, sem que você tenha ciência disso.

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Deputados presos pela PF lotearam postos do Detran em 20 municípios do RJ, diz MPF

Deputados presos pela PF lotearam postos do Detran em 20 municípios do RJ, diz MPF

Por Marco Antônio Martins, G1 Rio
Em: 09/11/2018 04h00 Atualizado há um dia
URL: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2018/11/09/deputados-presos-pela-pf-lotearam-postos-do-detran-em-20-municipios-do-rj-diz-mpf.ghtml

Investigações da força-tarefa da Lava Jato dizem que departamento cedeu cargos a deputados, que nomeariam pessoas de sua confiança. Divisão por regiões do estado coincidiria com votação de parlamentares nessas áreas.

Investigações da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro mostram que os dez deputados estaduais presos nesta quinta-feira (8) lotearam postos do Detran em 20 municípios do estado, segundo a denúncia do Ministério Público Federal.

A investigação do loteamento, de acordo com procuradores, começou com a apreensão do notebook do deputado Edson Albertassi, então líder do MDB, na Assembleia Legislativa do RJ e um dos supostos beneficiados no esquema.

No computador, constava a divisão de controle dos postos em cada cidade. As investigações mostram que a empresa Prol, vencedora dos contratos para fornecimento de mão de obra nos postos, disponibilizava cargos para indicação dos deputados.

Na planilha, cada parlamentar aparece com um número determinado de cargos disponíveis, chegando a indicar diretores de unidades. São indicações para chefes de unidades, responsáveis por vistorias, e assistentes.

De acordo com as investigações, o ex-presidente da Alerj e deputado afastado Jorge Picciani é quem indicou a cargos em postos em mais cidades: seis (Nova Iguaçu, Queimados, Belford Roxo, São João de Meriti, Teresópolis e Três Rios).

Leitura de e-mails, obtidos a partir de quebra de sigilo autorizada pela Justiça, ainda na operação Cadeia Velha, em 2017, mostra o deputado Paulo Melo com ingerência junto a uma funcionária do grupo Facility/Prol e a Carla Adriana Pereira, diretora de Registro de Veículos no Detran/RJ.

Chiquinho da Mangueira tinha 74 indicações. Luiz Martins, sozinho, tinha 137. Entre os 40 que estavam com indicação de Paulo Melo, 15 apareciam como prestadores de serviço em campanhas eleitorais do próprio deputado”, afirmou a procuradora Renata Ribeiro Baptista.

Segundo os investigadores, o Detran era manipulado para a realização de atividades de interesse de grupos corruptos. O deputado Paulo Melo era considerado o “dono” do Detran”, disse a delegada Xênia Soares, da PF.

Ainda de acordo com a denúncia, a empresa ganhava os contratos e, além da propina paga à quadrilha do ex-governador Sérgio Cabral, disponibilizava cargos aos deputados estaduais para que eles votassem projetos de interesse da empresa de propriedade do empresário Arthur César Soares, o Rei Arthur.

O esquema começou, segundo os procuradores, em 2005, durante o governo Rosinha Garotinho, e se expandiu no governo Sérgio Cabral. Não há, até o momento, qualquer investigação contra a ex-governadora.

Além de possíveis vantagens ilícitas que poderiam ser obtidas pelo grupo nos postos do Detran, os funcionários da terceirizada indicados pelos parlamentares ainda atuavam em campanhas políticas. Isso, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF), lhes garantiu votação expressiva nas regiões onde eles têm controle das unidades.

O esquema da Furna da Onça
O esquema de compra e venda de votos na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) movimentou ao menos R$ 54 milhões, segundo informou o superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi. A declaração foi dada em entrevista coletiva nesta quinta-feira (8), após a deflagração da Operação Furna da Onça, que investiga o que o Ministério Público Federal chama de “mensalinho” da Alerj. Os valores chegavam a R$ 900 mil.

A investida cumpriu todos os 22 mandados de prisão – três alvos já estavam presos desde o fim de 2017, quando da Operação Cadeia Velha. No total, dez são deputados estaduais, cinco deles reeleitos.

Também foi alvo da operação o secretário estadual de Governo, Affonso Monnerat, apontado como o canal entre Alerj e Palácio Guanabara – o governador, Luiz Fernando Pezão, não é investigado.

O nome da operação é referência a uma sala ao lado do plenário da Alerj onde deputados se reúnem para discussões reservadas antes de votações.

22 mandados cumpridos:
PODER EXECUTIVO

  • Affonso Monnerat, secretário estadual de Governo, preso nesta quinta;
  • Leonardo Jacob, presidente do Detran, preso nesta quinta;
  • Vinícius Farah (MDB), ex-presidente do Detran, eleito deputado federal, preso nesta quinta.

PODER LEGISLATIVO

  • André Corrêa (DEM), deputado estadual reeleito e ex-secretário estadual de Meio Ambiente, preso nesta quinta;
  • Chiquinho da Mangueira (PSC), deputado estadual reeleito e presidente da escola de samba, preso nesta quinta;
  • Coronel Jairo (MDB), deputado estadual não reeleito, preso nesta quinta;
  • Edson Albertassi (MDB), deputado afastado – já preso em Bangu;
  • Jorge Picciani (MDB), deputado afastado – já em prisão domiciliar;
  • Luiz Martins (PDT), deputado estadual reeleito, preso nesta quinta;
  • Marcelo Simão (PP), deputado estadual não reeleito, preso nesta quinta;
  • Marcos Abrahão (Avante), deputado estadual reeleito, preso nesta quinta;
  • Marcus Vinícius Neskau (PTB), deputado estadual reeleito, preso nesta quinta;
  • Paulo Melo (MDB), deputado afastado – já preso em Bangu;

ASSESSORES E AUXILIARES

  • Alcione Chaffin Andrade Fabri, chefe de gabinete e operadora financeira de Marcos Abrahão – presa nesta quinta;
  • Carla Adriana Pereira, assessora de registros do Detran – presa nesta quinta;
  • Daniel Marcos Barbiratto de Almeida, enteado e operador financeiro de Luiz Martins – preso nesta quinta;
  • Jennifer Souza da Silva, empregada do Grupo Facility/Prol, vinculada a Paulo Melo – preso nesta quinta;
  • Jorge Luis de Oliveira Fernandes, assessor e operador financeiro de Coronel Jairo – preso nesta quinta;
  • José Antonio Wermelinger Machado, ex-chefe de gabinete e principal operador financeiro de André Corrêa – preso nesta quinta;
  • Leonardo Mendonça Andrade, assessor e operador financeiro de Marcos Abrahão – preso nesta quinta;
  • Magno Cezar Motta, assessor e operador financeiro de Paulo Melo – preso nesta quinta;
  • Shirlei Aparecida Martins Silva, ex-chefe de gabinete de Edson Albertassi e subsecretária dos Programas Sociais da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social – preso nesta quinta.

Segundo o MPF, os “mensalinhos” e prêmios pagos para deputados se distribuíram da seguinte maneira:
André Corrêa (DEM): R$ 100 mil/mês
Edson Albertassi (MDB): R$ 80 mil/mês + R$ 1 milhão
Chiquinho da Mangueira (PSC): mais de R$ 3 milhões
Coronel Jairo (SD): R$ 50 mil/mês + prêmio
Jorge Picciani (MDB): R$ 400 mil/mês + prêmio
Luiz Martins (PDT): R$ 80 mil/mês + R$ 1,2 milhão
Marcelo Simão (PP): R$ 20 mil/mês
Marcos Abrahão (Avante): R$ 80 mil/mês + R$ 1,5 milhão
Marcus Vinicius “Neskau” (PTB): R$ 50 mil/mês
Paulo Melo (MDB): R$ 900 mil/mês + prêmio

O que dizem os citados
André Corrêa: ao chegar à PF, na Praça Mauá, André Corrêa afirmou que “quem não deve não teme”. “Sigo com a minha promessa de tirar o Psol da presidência da Comissão de Direitos Humanos”, emendou. Corrêa ainda garantiu que mantém a postulação à presidência da Alerj.

Affonso Monnerat: “O governo do estado desconhece os fatos e não teve acesso aos autos do processo”.

Chiquinho da Mangueira: A assessoria do parlamentar afirmou nesta quinta que ainda não conseguiu contato com o advogado dele.

Coronel Jairo: Assessoria do gabinete ainda não se pronunciou.

Leonardo Jacob: “O Detran está à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento.”

Luiz Martins: ninguém atendeu no gabinete do deputado.

Marcelo Simão: O gabinete estava vazio quando o G1 tentou contato.

Marcus Vinícius Neskau: A assessoria do deputado afirma que o parlamentar recebeu a ordem de prisão temporária com muita indignação e estranheza, justo em um período de articulações políticas sobre a votação para a próxima composição da Presidência da Alerj – onde o deputado já havia se manifestado pelo voto a favor do deputado André Corrêa. No entanto, o parlamentar segue seu compromisso com a população de dar transparência a seu mandato, afirmando sua inocência e colaborando com todas as investigações, prestando todos os esclarecimentos à Polícia Federal, Ministério Público e Justiça.

Vinícius Farah: “O sr. Vinicius Farah confia na Justiça e afirma que a situação será devidamente elucidada. Ele já se apresentou às autoridades em Brasília para os devidos esclarecimentos. Ele estava na cidade para agenda de trabalho”, disse, através de assessoria de imprensa

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Argentina concede certidão de nascimento sem menção de gênero

Por: AFP (Sem nome de autor ou autora)
Em: 06/11/2018 08h52
URL: https://universa.uol.com.br/noticias/afp/2018/11/06/argentina-concede-certidao-de-nascimento-sem-mencao-de-sexo.htm

Pela primeira vez na Argentina uma pessoa obteve sua certidão de nascimento, da qual deriva toda a documentação restante, sem qualquer menção de gênero, conforme a Lei de Identidade de Gênero aprovada em 2012 no país.

O caso ocorreu na província de Mendoza, 1.100 km ao oeste de Buenos Aires, por mera solicitação administrativa, sem mediação judicial.

Segundo uma resolução do governo provincial, o registro civil deverá elaborar uma nova certidão de nascimento na qual no lugar reservado para indicar o gênero da pessoa “deverá constar uma linha”.

Com a nova certidão a pessoa poderá solicitar às autoridades nacionais seu documento nacional de identidade onde se omita a especificação de gênero.

Apesar de a Lei de Identidade de Gênero permitir às pessoas terem documentos com o gênero autodeclarado, até agora nenhum registro de documentação havia aceitado que se omitisse indicar o gênero.

Sobre a pessoa solicitante, meios de comunicação locais divulgaram que tem 32 anos, é formada em Medicina e que solicitou a medida por não se considerar homem nem mulher.

“Juridicamente não havia argumentos para dizer não. Isto foi discutido com o governador e ele nos deu o aval para realizar esta decisão”, explicou à imprensa local o diretor do Registro Civil de Mendoza, Enzo Rizzo.

A Lei de Identidade de Gênero estabelece que “toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua identidade de gênero, ao livre desenvolvimento de sua pessoa conforme a sua identidade de gênero e a ser tratada de acordo com sua identidade de gênero, e em particular, a ser identificada desse modo nos instrumentos que certificam sua identidade”.

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Um terço do Congresso eleito em 2018 responde a processos na Justiça

Um terço do Congresso eleito em 2018 responde a processos na Justiça

Por: Ana Beatriz Assam, Ana Neira, Carla Bridi, Luiz Raatz, Marcelo Godoy, Marianna Holanda, Matheus Lara, Paulo Beraldo, Túlio Kruse e João Abel e Victor Ohana, especial para a AE
Em: São Paulo 05/11/201811h00 > Atualizada 05/11/201812h20
URL: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2018/11/05/13-do-congresso-eleito-e-alvo-de-investigacoes.htm

Um terço do novo Congresso é acusado de crimes como corrupção, lavagem, assédio sexual e estelionato ou é réu em ações por improbidade administrativa com dano ao erário ou enriquecimento ilícito. No total, são 160 deputados e 38 senadores. O levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo envolve casos em andamento nos Tribunais de Justiça dos Estados, na Justiça Federal, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Supremo Tribunal Federal.

Entre os alvos estão nomes conhecidos como os atuais senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Aécio Neves (PSDB-MG). Presidente do PT, Gleisi é alvo na Lava Jato enquanto Aécio, ex-presidente do PSDB, é réu por corrupção na delação da J&F. Ambos conquistaram uma cadeira na Câmara. Aécio diz que “provará na Justiça que foi alvo de uma ação premeditada por criminosos confessos de mais de 200 crimes”. Gleisi não quis se manifestar.

Além de tucanos e petistas, há ainda integrantes do PSL, o partido do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e de outras 21 legendas – apenas seis partidos não elegeram pessoas investigadas ou acusadas na Justiça. Ao todo, os parlamentares respondem a 540 acusações (379 contra deputados e 161 contra senadores), das quais 334 são por improbidade – 263 de deputados e 71 casos envolvendo senadores. Entre os crimes, as acusações mais comuns são as de lavagem de dinheiro (34), corrupção (29) e crimes eleitorais (16).

O partido com maior número de envolvidos é o PT. Trinta de seus 62 eleitos são investigados ou réus. A ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins é uma das recordistas. Ela é alvo de processos por improbidade na Justiça do Ceará e no STJ. Sua defesa alega inocência. Proporcionalmente, o MDB é quem tem mais parlamentares enredados com a Justiça. São 16 deputados e oito senadores ou 52% da bancada no Congresso ante 48% do PT. Entre os atingidos está o líder do partido, o deputado Baleia Rossi (SP), alvo de uma ação por improbidade administrativa. Sua assessoria não respondeu.

O PSL de Bolsonaro já chega no parlamento com sete deputados ou 12,5% dos 56 congressistas eleitos na mira da Justiça – um oitavo deputado, Luciano Bivar teve reconhecida pela Justiça a prescrição do crime ambiental de que era acusado no dia 16, uma semana após o pleito. Procurado, não se manifestou. O levantamento do Estado não levou em consideração ações de danos morais e execuções fiscais, o que aumentaria os processados para 40% do Congresso.
Além da improbidade (um só deputado, Carlos Henrique Gaguim, do DEM-TO, responde a 153 ações), da corrupção, de crimes eleitorais e da lavagem de dinheiro, outras 31 condutas são imputadas aos parlamentares. As mais comuns são de formação de quadrilha (12), peculato (12), fraudes em licitação (10), falsidade ideológica (8) e crimes ambientais (6). Mas também foram identificados congressistas que respondem por crimes contra a ordem tributária, calúnia, homicídio, assédio sexual e delitos da Lei Maria da Penha.

Com o maior número de parlamentares, São Paulo é o Estado com mais alvos da Justiça. São 32 dos 73 deputados e senadores, ou 43,8% dos representantes paulistas. Amazonas (63,6%) e Alagoas (58,3%) têm, proporcionalmente, a maior quantidade de representantes com problemas. Segundo Estado com mais congressistas (56), Minas tem dez investigados. O Rio tem 14 de seus 49 parlamentares nessa situação. O Rio Grande do Norte é o único Estado que não elegeu acusados.

Siglas

Para o MDB, o fato de um candidato ser ou não réu não impede a candidatura. “O MDB defende o amplo direito à defesa de seus filiados e não antecipa julgamentos”. DEM e PSD informaram que as candidaturas são definidas com autonomia pelas instâncias partidárias. O DEM informou que “segue com rigor as determinações da Justiça para compor seu quadro de candidatos”. “O partido recomenda que os nomes a serem apresentados sejam ficha limpa”. O PSDB informou esperar que cada parlamentar faça sua defesa. A DC destacou que seu deputado não é condenado. PR, SD, PT, PP, PRB, PSC, PCdoB, PSB, Podemos, PTB, PPS, PROS, Avante, Patriota e PRP não responderam. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Deputado reeleito do DEM tem 153 processos

Reeleito deputado federal pelo Tocantins, Carlos Henrique Gaguim (DEM), tem 153 processos no Tribunal de Justiça estadual (TJ-TO), todos por improbidade administrativa, referentes ao período de um ano e meio em que foi governador interino.

“Desses processos, eu já ganhei 46, só faltam uns 100 e se Deus quiser vamos ganhar todos”, afirmou Gaguim ao jornal O Estado de S. Paulo sobre sua situação. “Não tem nenhum transitando em julgado, não sou condenado em nenhum.”

As ações são principalmente relacionadas a uma investigação aberta em 2013 pelo Ministério Público sobre a possível venda irregular de lotes públicos em Palmas. A suspeita é de que os terrenos, administrados na época pela extinta Companhia de Desenvolvimento do Estado, eram dados em troca de favores políticos. “A responsabilidade era do secretário, não mandei ninguém fazer isso. Tinha autonomia e decretos onde a pasta era responsável por isso.”

O deputado Gaguim também foi alvo da 6ª fase da Operação Ápia, que investiga um esquema de desvio de dinheiro público de obras de infraestrutura no Tocantins.

A fase foi aberta após delação do empreiteiro Rossine Ayres Guimarães, que revelou pagamento de propina a políticos do Estado, inclusive Gaguim. “Ele falou que no meu governo tinha dado o dinheiro para uma pessoa mas não falou que foi para mim, tanto que todas as testemunhas negaram”, diz.

Segundo o advogado Publio Borges Alves, que defende Gaguim, a ação do MP foi proposta com base em uma análise preliminar do Tribunal de Contas acerca do convênio firmado com o Banco do Brasil para financiamento das obras, julgada legal pelo próprio TCE/TO.

O deputado ainda foi condenado por improbidade pelo TJ-TO no ano passado, acusado de usar a Ouvidoria do Estado para campanha eleitoral em 2010. Recorreu. De acordo com Publio, “as consultas eram de questões qualitativas referentes a administração do Estado”.

Apesar da quantidade de processos, o advogado frisa que “foi uma candidatura sem nenhum questionamento exatamente porque não há nada de substancial ou condenatório que impedisse”.

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Ator da Globo confirma teste do sofá, suruba e fio terra várias vezes

Ator da Globo confirma teste do sofá, suruba e fio terra várias vezes

By fhilipepelajjio
Em: 03/11/2018
URL: http://blogbhgay.moonbh.com.br/sidney-sampaio-antonnia-fontinelle/

Ele é considerado como um dos atores mais bonitos que já atuaram na TV Globo, mas por, segundo ele, se recusar a ficar com diretores, acabou perdendo papeis.

O ator Sidney Sampaio contou sobre isso e outros assuntos em entrevista concedida para o canal no YouTube de Antonia Fontenelle.

Sem pudor algum, ele contou que a prática do teste do sofá existe, sim, na Globo e que ele deixou de fazer trabalhos por se recusar a usar a prática.

“As coisas são bem veladas, é tipo ‘se cair na rede, é peixe’ e como eu não caí na rede, eu também não trabalhei, eu não fiz a novela. É triste, por que é um limitador muito pequeno você fechar o espaço pra quem quer trabalhar, pra quem quer ser profissional, é muito triste pro valor artístico da obra, pra tudo…”, disse.

Eles também assumiu que já experimentou fazer um fio terra. Ou melhor, que fizessem com ele:

“Já me permiti experimentar essa sensação, mas eu confesso, sem preconceito nenhum, que, tipo, eu não curti… eu vou broxando.

Ninguém conseguiu me fazer sentir prazer com isso ainda. Todas as vezes que tentaram fazer em mim, eu oonnnn (broxei). Até agora só dei ruim, não foi legal”.

Já aos 15 anos, o ator já se relacionava com várias pessoas na cama ao mesmo tempo: “Tinha. Eu já fiz, não nego, foi divertido, foi engraçado, mas não é uma coisa que me satisfaça… não me satisfaz plenamente”.

Ele também disse que após um conselho da atriz Adiana Esteves, parou de sair com os colegas de novela:

“Uma vez eu escutei uma frase da Adriana Esteves. Ela falou assim ‘Cara, sabe quando eu comecei a ter um melhor desempenho com os meus personagens? Quando eu comecei a parar de sair com os meus colegas de trabalho’

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Educação sexual é lei nas escolas alemãs

Educação sexual é lei nas escolas alemãs

Por: Karina Gomes – Da Deutsche Welle
Em: 02/11/2018 18h45
URL: https://universa.uol.com.br/noticias/deutsche-welle/2018/11/02/educacao-sexual-e-lei-nas-escolas-alemas.htm

Aulas sobre educação sexual começam já no ensino primário. Pais que impedem presença dos filhos podem ir para a prisão. Todos os 16 estados do país integram o ensino sobre o tema em várias disciplinas.Na Alemanha, a responsabilidade de ensinar as crianças sobre a vida sexual não é um papel exclusivo da família, mas um dever do Estado. A partir do ensino primário, os alunos começam a ter aulas sobre educação sexual.

Por lei, os 16 estados federais alemães são obrigados a promover a educação sexual nas escolas em parceria com instituições de aconselhamento familiar, com base num currículo nacional. A Central Alemã de Esclarecimentos sobre Saúde (BZgA), criada em 2003 como um centro especializado da Organização Mundial da Saúde (OMS), é a principal responsável pela implementação das diretrizes, que são guiadas pelos Padrões para a Educação Sexual na Europa (2010).

Os pais são informados antes de as aulas de educação sexual começarem, mas não têm direito a decidir se os filhos poderão ou não comparecer às aulas. Isso se deve a uma legislação que pune pais que deixam os filhos faltarem à escola.

Em 2013, um pai de nove crianças foi preso por proibir uma das filhas de frequentar as aulas de educação sexual numa escola primária do estado da Renânia do Norte-Vestfália. A mãe só não foi detida porque estava em fase de amamentação do bebê mais novo do casal. Em 2017, a família de origem russa decidiu retornar à Sibéria por não concordar com o sistema educacional alemão.

Mais do que ensinar sobre métodos contraceptivos e os aspectos biológicos dos órgãos sexuais, os professores alemães também discutem igualdade de gênero, valores sociais e emoções relacionadas à sexualidade e a relacionamentos. A abordagem do tema é holística, considerando os diferentes aspectos da sexualidade humana. Por isso, na maioria dos estados, a educação sexual é integrada a outras disciplinas, como ética, biologia, religião e ciências sociais. Em alguns estados, há disciplinas específicas de educação sexual nas escolas.

Tenho amigos alemães que receberam orientações sobre educação sexual também na crisma da Igreja Católica. Uma educadora trouxe dildos e camisinhas para que todos pudessem treinar como se proteger antes de uma relação sexual.

O índice de uso da pílula anticoncepcional é alto entre as jovens alemãs, assim como o uso da camisinha, o que contribui para os baixos índices de gravidez na adolescência no país. Quanto melhor a educação sobre o tema, menores as chances de se contrair doenças sexuais transmissíveis e de gravidez precoce.

Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a educação sexual é um tema urgente nas escolas e de maneira nenhuma incentiva o comportamento sexual de risco. Pelo contrário, os futuros jovens terão mais responsabilidade sobre saúde sexual e reprodutiva.

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.

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Alguns record do Mineirão antigo do Cruzeiro Esporte Clube

Alguns record do Mineirão antigo do Cruzeiro Esporte Clube

Alguns records de públicos recentes do Mineirão do Cruzeiro.

[1992 – Supercopa] Cruzeiro x Racing – 90 mil (Record de Público da Supercopa e record mundial de média de público em um campeonato oficial 73 mil)

[1997 – Campeonato Mineiro] Cruzeiro x Villa Nova -132.834 (Record de Público do Mineirão e do Campeonato Mineiro)

[1997 – Libertadores] Cruzeiro x Sporting Crystal – 105 mil (Record da Libertadores)

[2002 – Copa Sul Minas] Cruzeiro x Atlético Paranaense – 75 mil (Record de Público da Copa Sul Minas)

[2003 – Copa do Brasil] Cruzeiro x Flamengo – 85 mil (Record da Copa do Brasil)

Mundial InterClubes, Cruzeiro x Bayern de Munich (113.715->Record de público do Mundial de Clubes)

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Enem 2018: Desrespeito aos Direitos Humanos retira até 200 pontos da redação

Enem 2018: Desrespeito aos Direitos Humanos retira até 200 pontos da redação

Postado em 24/10/2018 14:01 / atualizado em 26/10/2018 11:12
URL: https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2018/10/24/internas_educacao,999690/enem-desrespeito-a-direitos-humanos-retira-ate-200-pontos-da-redacao.shtml

Até o ano passado, a prática poderia zerar a nota. Recomendação é “não romper com os valores de cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural”

A redação do Enem, um dos pontos altos da avaliação, costuma deixar muitos estudantes tensos. Ano passado, além de se concentrarem nas dicas de como elaborar um bom texto, os concorrentes tiveram que prestar bastante atenção na disputa entre o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Movimento Escola Sem Partido.

O motivo? Ideias contrárias ao que tange os Direitos Humanos seria motivo para zerar uma redação? Até 2017, o Inep acreditava que sim. Já os representantes da Escola Sem Partido defendiam que a regra seria contrária à liberdade de expressão. Um dia antes da prova, a então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, acatou a justificativa do movimento e suspendeu a decisão. O edital deste ano seguiu a mesma orientação.

Na prática, não mudou muita coisa. Isto porque, como aponta um dos critérios de avaliação da redação – a Competência 5 –, os estudantes devem “elaborar proposta de intervenção para o problema abordado que respeite os direitos humanos”. Ou seja, não basta apenas apresentar domínio da gramática, ortografia e todas as regras da escrita formal da língua portuguesa ou desenvolver uma boa linha de raciocínio argumentativa. É necessário também “não romper com os valores de cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural”, como aponta o Manual de Redação do Enem. A quinta competência de avaliação é responsável por 200 pontos, do total de 1000.

É importante compreender que a defesa dos Direitos Humanos não diz respeito a uma ideologia de um determinado grupo político. Falar desses direitos é garantir que qualquer cidadão tenha plena condição de vida. A Organização das Nações Unidas (ONU) define os Direitos Humanos como “direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição”.

Quando os direitos humanos são desrespeitados?

A Cartilha do Participante – Redação no Enem 2018, ou Manual de Redação, estabelece como ações que vão de encontro com Direitos Humanos a defesa à tortura, mutilação sumária e qualquer forma de justiça com as próprias mãos. É vedada ainda a “incitação de violência motivada por questões de raça, etnia, gênero, credo, condição física, origem geográfica ou socioeconômica; explicitação de qualquer forma de discurso de ódio (voltado contra grupos sociais específicos)”, diz o documento.

Segundo a cartilha – que traz uma alguns exemplos comentados de textos nota 1000 –, na redação do ano passado, cujo tema foi “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”, foram penalizados com nota zero na competência 5 os textos que feriram a dignidade da pessoa humana, negaram às pessoas surdas o direito de expressão e/ou à educação, propuseram um “ensurdecimento” das pessoas ouvintes entre outros pontos. Receberam nota zero na Competência 5 os seguintes exemplos:

– “Este grupo tem que ir para escolas especiais, tirando assim o contato dele com a sociedade”.
– “Surdos devem ter apenas o ensino básico, devem ser aposentados, não podem ter direito de estudar em uma universidade, não são pessoas normais, não podem trabalhar”.
– “A melhor decisão a ser tomada é o sacrifício logo após a descoberta da ‘maldição’, evitando o sofrimento de todas as partes e mantendo a sociedade no rumo da evolução”.

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