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Ministro diz que, por enquanto, Bolsonaro vai permanecer no Acordo de Paris

Ministro diz que, por enquanto, Bolsonaro vai permanecer no Acordo de Paris

Publicado em 14/01/19, 23h10
Por: Tarcisio Morais
URL: https://renovamidia.com.br/ministro-diz-que-bolsonaro-concordou-em-permanecer-no-acordo-de-paris/

Bolsonaro havia criticado o acordo climático em algumas ocasiões durante a campanha eleitoral.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse nesta segunda-feira (14) que o presidente Jair Bolsonaro concordou em manter o Brasil no Acordo de Paris.

Segundo Salles, há oposição ao acordo climático dentro do governo, mas, “por ora, a participação do Brasil está mantida”.

As declarações foram dadas nesta segunda-feira (14) após almoço no Sevovi-SP com empresários do setor imobiliário, informa “O Dia Brasil“.

Antes da posse de Bolsonaro, a posição do presidente em relação ao tema era oscilante. Ele chegou a defender a saída do país do acordo, mas depois prometeu lutar por mudanças no texto, conforme noticiou a RENOVA.

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PF rastreia pagamentos de R$ 23 Mi da JBS a empresas de Kassab

PF rastreia pagamentos de R$ 23 Mi da JBS a empresas de Kassab

Por: Estadão – Fabio Leite e Luiz Vassallo
Em: São Paulo 04/01/2019 12h13
URL: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2019/01/04/pf-ja-rastreia-pagamentos-de-r-23-mi-da-jbs-a-empresas-de-kassab.htm

A Polícia Federal rastreou pagamentos de R$ 23,1 milhões da JBS a duas empresas do ex-ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações). Os valores constam do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no âmbito do inquérito que investiga repasses de R$ 58 milhões pelos irmãos Wesley e Joesley Batista à Kassab e ao seu partido, o PSD. No documento, a PF diz ver indícios de lavagem de dinheiro.

Por meio de nota, Kassab afirma que ‘as empresas prestaram os serviços, a preços de mercado, que estão documentados de forma robusta e consistente, em relação comercial iniciada em 2006 ainda com empresa que foi posteriormente adquirida pela JBS’. “Tais informações já foram apresentadas à investigação”. O ex-ministro ainda ‘reitera sua confiança na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa, e entende que quem está na vida pública deve estar sujeito à especial atenção do Judiciário’. Kassab reforça ‘estar à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários e ressalta, mais uma vez, que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público’.

Nomeado secretário-chefe da Casa Civil pelo governador paulista João Doria (PSDB), Kassab se licenciou oficialmente do cargo nesta sexta-feira, 4, para se dedicar à defesa das acusações. Em acordo de delação premiada, o empresário Wesley Batista afirmou que Kassab recebeu uma mesada de R$ 350 mil da empresa entre 2010 e 2016, totalizando R$ 30 milhões, “em troca de eventual influência política futura em demandas de interesse da JBS”. Já o executivo Ricardo Saud disse que a empresa repassou outros R$ 28 milhões ao PSD pela compra de apoio político acertada com o PT.

Segundo Wesley, os pagamentos a Kassab foram feitos de forma dissimulada através de notas fiscais falsas emitidas pela empresa Yape Assessoria e Consultoria Ltda., da qual Kassab foi sócio até 2014 e foi administrada por seus irmãos até janeiro de 2017, quando foi dissolvida. A partir da delação da JBS, o Coaf identificou uma série de transações financeiras suspeitas envolvendo a Yape Assessoria e a Yape Transportes, Comércio e Participações Ltda., outra empresa da família Kassab.

De acordo com o relatório da PF produzido a partir dos dados do Coaf, a Yape Assessoria recebeu R$ 16,9 milhões da JBS entre janeiro de 2013 e abril de 2017. “Verifica-se que a empresa JBS foi a principal fonte dos recursos movimentados pela Yape Consultoria no período pesquisado”, aponta o relatório. Ao todo, a empresa de Kassab movimentou R$ 37,9 milhões no mesmo período. “Observa-se também que que a destinação desses valores foi pulverizada entre seus sócios”, completa o documento.
Somente Kassab, segundo a PF, retirou R$ 1,26 milhão da Yape Assessoria e Consultoria nesses quatros anos. Já a Yape Transportes, que funciona no mesmo endereço, na Vila Clementino, zona sul de São Paulo, recebeu ao menos R$ 6,15 milhões da JBS entre 2013 e 2016. O relatório destaca que entre os dias 7 e 8 de janeiro de 2013 houve um pagamento de R$ 300 mil da JBS à Yape Transportes e, na sequência, a empresa da família Kassab emitiu um cheque de R$ 230 mil ao ex-ministro.

A PF aponta que Kassab já havia recebido, entre julho e dezembro de 2012, ou seja, quando ainda era prefeito de São Paulo, R$ 920 mil das duas empresas da família. “No prosseguimento da presente análise, observou-se diversas ocorrências relativas a movimentações em contas titularizadas pelos sócios da empresa Yape Consultoria e Yape Transportes, quase todos parentes de Gilberto Kassab, com situações comuns e dignas de registro, pois indicativas, pelo menos em tese, de possível indício de lavagem de dinheiro”.

À PF, Kassab e seu irmão Renato Kassab rebateram os delatores da JBS e afirmaram que suas empresas prestaram serviços de consultoria na área de transportes e de arrendamento de 30 caminhões para uma fábrica do grupo dos irmãos Batista na cidade de Lins, no interior paulista. A defesa de ambos chegou a mostrar troca de e-mails e plano de trabalho apresentados pela Yape à JBS.

Outros funcionários da JBS ouvidos pela PF afirmaram desconhecer qualquer contrato da empresa com a Yape Consultoria e confirmaram o contrato dos caminhões com a Yape Transportes. Apesar disso, José Roberto Aguera Tranjan Junior, ex-diretor de Transportes da JBS, disse em depoimento que, em 2013, chegou a falar com Wesley Batista que o contrato com a Yape Transportes, no valor de R$ 300 mil mensais, “não era necessário” e sugeriu sua rescisão, mas ouviu do dono da JBS que ele “deveria ser mantido”, sem saber por qual razão.

Kassab foi alvo de buscas e apreensões em 19 de dezembro, autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Na ocasião, foram encontrados R$ 301 mil em espécie no apartamento de Kassab, no bairro dos Jardins, zona sul paulistana. Após a operação, no dia 28, Kassab pediu a Doria licença antecipada do cargo de chefe da Casa Civil, que assumiria no dia 1º de janeiro. Ele assinou a posse, mas não foi ao evento para preservar o tucano. A licença só foi publicada nesta sexta-feira, 4, no Diário Oficial do Estado.

Com a palavra, Kassab
“Gilberto Kassab reafirma que as empresas prestaram os serviços, a preços de mercado, que estão documentados de forma robusta e consistente, em relação comercial iniciada em 2006 ainda com empresa que foi posteriormente adquirida pela JBS. Tais informações já foram apresentadas à investigação. Kassab reitera sua confiança na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa, e entende que quem está na vida pública deve estar sujeito à especial atenção do Judiciário. Reforça estar à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários e ressalta, mais uma vez, que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público”.

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MEC define idades para a entrada no ensino infantil e fundamental, mas polêmica persiste

MEC define idades para a entrada no ensino infantil e fundamental, mas polêmica persiste

Por: Junia Oliveira
Em: postado em 02/01/2019 06:00 / atualizado em 02/01/2019 07:23
URL: https://www.em.com.br/app/noticia/especiais/educacao/2019/01/02/internas_educacao,1017853/idades-para-a-entrada-no-ensino-infantil-e-fundamental-geram-duvidas.shtml

Regras para entrada na escola dão nó nas cabeças dos pais no ano de transição para adoção da data única para disciplinar ingressos no ensino de crianças que completam 4 ou 6 anos

O que antes servia apenas para nortear estados e municípios, agora tem força de lei. O Ministério da Educação (MEC) sacramentou, em forma de portaria, a resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE) determinando a data de 31 de março como limite para crianças que completam 4 e 6 anos entrarem nos ensinos infantil e fundamental, respectivamente. O país tem a questão uniformizada, mas o corte etário continua causando confusão entre as famílias e escolas. A regulamentação, cujo martelo foi batido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto, muda as regras em Minas Gerais, apesar de a lei em vigor, que determina 30 de junho como referência, ainda não ter sido revogada. Na prática, as mudanças valem apenas para 2020, uma vez que o cadastramento escolar da rede pública foi feito antes da normatização. Em período de matrícula, os estabelecimentos privados ainda aceitarão novos alunos nas normas antigas. E, para evitar prejuízos, quem já está na sala de aula, independentemente da série, segue seu percurso, sem alteração.

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No início de agosto, o STF julgou se era da competência ou não do CNE fixar a data de corte para ingresso em todo o Brasil. E concluiu que o conselho tem competência para tal e pode fixar a resolução, que surgiu para nortear a questão no país e, até então, não tinha caráter de lei. A decisão foi tomada em resposta a duas ações conjuntas que tratavam do tema. Uma delas foi ajuizada em 2013 pela Procuradoria-Geral da República e contestava as resoluções 6/2010 e 1/2010, que definiram a data de corte de 31 de março para 4 anos e 6 anos.

A outra, de 2007, foi ajuizada pelo governo do Mato Grosso do Sul, que pedia a declaração de constitucionalidade dos artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação com a interpretação de que o ingresso no ensino fundamental está limitado a crianças com 6 anos de idade completos no início do ano letivo. Pela legislação mineira, crianças que completam 4 anos ou 6 anos até 30 de junho entram no ensino infantil (1º período) ou no fundamental, no ano corrente.

Para uniformizar a questão, desta vez, o MEC publicou, em 5 de outubro, a Portaria 1.035, em que o homologa o parecer do CNE e põe fim às diferenças de entendimento país afora. Em caráter de exceção, a lei assegura às crianças que estão matriculadas e frequentando instituições de ensino até a data de publicação da portaria, mesmo que o aniversário seja entre 1º de abril e 30 de junho (data usada em pelo menos outros quatro estados, além de Minas), o prosseguimento sem retenção. Em oito anos, é a terceira vez que a data de corte é alterada em Minas. Em 2010, quando do parecer do CNE, ela mudou de abril para maio. Dois anos depois, a lei mineira estabeleceu novos critérios e, agora, vem a uniformização. Nos casos anteriores, as crianças que já estavam na escola tiveram sua etapa sacrificada, sendo necessário avançá-las ou retê-las.

Também em outubro, a Secretaria de Estado de Educação publicou orientação seguindo a portaria do MEC. No fim do mês passado, foi a vez da Secretaria Municipal de Educação (Smed) entrar na questão. A Resolução 001/2018, do Conselho Municipal de Educação, estabeleceu diretrizes operacionais complementares para a matrícula de crianças na rede pública, considerando 2019 como um período de transição. Assim, as novas matrículas serão consideradas a partir de 2019, para ingresso em 2020.

PREJUÍZO? A analista de sistemas Luciana Leal Ambrósio, de 40 anos, vê ainda com desconfiança as mudanças e teme prejuízos à filha Sarah Ambrósio Lana, de 4. A menina faz aniversário dia 4 de abril e, ao saber por uma amiga das novas regras, no início do segundo semestre, teve medo de ela ficar retida no 1º período, série da educação infantil que cursou neste ano. “Quando soube, foi uma sensação de desalento. Por causa de quatro dias, minha filha seria obrigada a repetir de ano mesmo sendo capaz de acompanhar todas as outras crianças de sua turma perfeitamente”, contou. Luciana pensou em tirar Sarah da atual escola, caso o cenário inicialmente imaginado se confirmasse. “Acredito que para uma criança de 5 anos seja doloroso ver todos seus coleguinhas serem ‘aprovados’ e ela não. Além disso, há a questão financeira envolvida e o fato de a criança estar apta a seguir em frente”, diz.

Mesmo já tendo conversado na escola e tido assegurado que a lei prevê a continuidade do percurso escolar, Luciana ainda tem medo de Sarah ter a matrícula para o 1º ano negada ano que vem para ingresso em 2020. “Nesses casos, acho que é um prejuízo emocional para a criança e financeiro para os pais, sem justificativa plausível, uma vez que ela se encontra perfeitamente adaptada a sua atual condição.”

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Máfias, banco genético e fim de refúgio a bandidos: leia o discurso de Moro

Máfias, banco genético e fim de refúgio a bandidos: leia o discurso de Moro

Do UOL, em São Paulo e Brasília
02/01/2019 11h24Atualizada em 02/01/2019 12h34
URL: https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/01/02/moro-discurso-posse-ministerio-justica.htm

Em seu discurso de posse como ministro da Justiça, Sergio Moro acenou à continuidade de projetos de seus antecessores no cargo, explicou os motivos pelos quais aceitou o convide do presidente Jair Bolsonaro para assumir a pasta e apresentou as propostas para sua gestão. “Um juiz em Curitiba pouco pode fazer a esse respeito [combater a corrupção], no âmbito de políticas gerais, mas no governo feeral a história pode ser diferente.”

Leia a íntegra do discurso de posse de Moro:

“Bom dia a todos os presentes.

Gostaria de cumprimentar inicialmente o Exmo. Presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que muito nos honra com sua presença.

O Supremo Tribunal Federal, instituição criada pela genialidade de Rui Barbosa e inspirada na Suprema Corte norte-americana, é uma pedra fundamental do Estado de Direito e da democracia, a qual rendo minhas homenagens.
O Ministro Dias Toffoli é também Presidente do Conselho Nacional de Justiça, que tem um papel fundamental na Administração da Justiça. Recentemente, o Ministro declarou que a Justiça e em especial o CNJ deve se envolver mais na incrementação da qualidade das políticas penitenciárias e da segurança pública. Quero dizer desde logo que o Ministério da Justiça e da Segurança Pública pretende ser um importante parceiro nessas iniciativas e esperamos manter uma relação próxima de cooperação para a construção de um futuro melhor nessa área.

Cumprimento os Presidentes das Cortes Superiores e demais magistrados presentes.

Cumprimento especial aos Ministros ora presentes.

Congratulação também especial a minha equipe aqui presente, pessoas dignas e competentes que aceitaram o desafio de dividir comigo as enormes responsabilidades do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Não se faz um bom trabalho sem uma boa equipe e posso dizê-lo que os selecionei em vista de seu histórico profissional, de competência e bravura, e dos senhores e senhoras espero somente o melhor.

Um cumprimento especial aos Ministros que me antecederam, Raul Jungmann e Torquato Jardim. V. Exas dignificaram os cargos durante a sua gestão e me honra sucedê-los.

Também estendo esse cumprimento as suas respectivas equipes e aos valorosos servidores da Justiça e da Segurança Pública com os quais dividirei sonhos, mas também desafios. Cumprimento todas as demais autoridades, senhoras e senhores.

Quero explicar, em rápidas palavras, porque aceitei o convite de nosso Presidente, o Exmo. Sr. Jair Bolsonaro, deixando vinte e dois anos de magistrado e uma relativamente confortável carreira, pelo menos nos aspectos de vencimentos e aposentadoria. No mais, todos sabem, o trabalho como magistrado não foi tão confortável.

Ontem mesmo, verifiquei que o Brasil, apesar da Operação Lava Jato e dos enormes esforços aqui e ali contra a corrupção, permanece em uma posição relativamente ruim nos índices de percepção quanto à existência de corrupção nos rankings anuais da Transparência Internacional.

Entre 180 países, o Brasil ocupa a nonagésima sexta posição. Rigorosamente a pontuação obtida pelo país, 37 em cem pontos possíveis, caiu desde 2014, quando do início da Operação Lava Jato. Talvez os esforços judiciais, ao revelarem a magnitude da corrupção entre nós, tenham contribuído, paradoxalmente, para elevar a percepção dela, ao invés de, esses esforços, terem chamado a atenção para o quanto nos temos nos dedicado a superá-la.

Isso para mim ilustra uma verdade conhecida. Não se combate a corrupção somente com investigações e condenações eficazes.

Elas são relevantes pois não há combate eficaz à corrupção com impunidade e sem riscos de punição para os criminosos.

Mas não são suficientes. São necessárias políticas mais gerais contra a corrupção, com leis que tornem o sistema de Justiça mais eficaz e leis que diminuam incentivos e oportunidades contra a corrupção. Um juiz em Curitiba pouco pode fazer a esse respeito, no âmbito de políticas gerais, mas no Governo Federal a história pode ser diferente.

Há um outro grande desafio, o crime organizado. Grupos criminosos organizados, alguns que dominam nossas prisões, estão cada vez mais poderosos. É preciso enfrentá-los com leis mais eficazes, com inteligência e operações coordenadas entre as diversas agências policiais, federais e estaduais.

O remédio é universal, embora nem sempre de fácil implementação, prisão dos membros, isolamento carcerário das lideranças, identificação da estrutura e confisco de seus bens. Assim, se leva ao enfraquecimento e ao desmantelamento delas. Não é uma tarefa impossível. Nos Estados Unidos, as famílias mafiosas, outrora superpoderosas, foram desmanteladas pelo FBI e pelo Departamento de Justiça a partir da década de oitenta. Na Itália, a aura de invencibilidade da Costa Nostra siciliana foi quebrada graças aos esforços conjuntos da polícia, do Ministério Público e de magistrados, entre eles os juízes heróis Giovanni Falcone e Paolo Borselino. O crime violento também aterroriza a população brasileira. As elevadas taxas de homicídio constituem o pior exemplo, mas os índices de roubos armados, estupros e de crimes violentos em geral geram uma atmosfera de insegurança e que deve ser combatida com estratégia, inteligência e políticas públicas eficazes.

Essas elevadas taxas de criminalidade, seja do crime de corrupção, seja do crime organizado, seja do crime violento, prejudicam o ambiente de negócios e o desenvolvimento. Pior do que isso geram desconfiança e medo, afetando a credibilidade das instituições e, em certo nível, a própria qualidade da democracia e da vida cotidiana.

Não há uma resposta fácil, mas o compromisso do Ministério é, com todos os esforços e dedicação possível, do Ministro, dos Secretários, dos dirigentes e dos demais servidores, iniciar um ciclo virtuoso de diminuição de todos esses crimes.

Tudo isso dentro de um ambiente de respeito às instituições e ao Estado de Direito.

Tudo isso com uma esperada parceria com os Estados e os Municípios.

Os planos ainda estão em elaboração e não caberia aqui detalhá-los.

Apenas alguns exemplos.

Pretendo que a Secretaria Nacional de Segurança Pública, utilizando sabiamente o Fundo Nacional de Segurança Pública, construção do Ministro Raul Jungmann, atue, não só com investimentos para auxiliar as polícias estaduais e distrital, mas também para padronizar procedimentos, gestão e estrutura, respeitadas as autonomias locais. Deve ter um papel equivalente ao da intervenção federal do Rio de Janeiro e que reestruturou a Segurança Pública naquele Estado. Aqui evidentemente substituindo intervenção por cooperação.

Pretendo que o Departamento Penitenciário Nacional incremente a qualidade das penitenciárias federais, para o absoluto controle das comunicações das lideranças de organizações criminosas com o mundo exterior, pretendo ainda que ele destrave os investimentos nas estruturas prisionais dos Estados e do Distrito Federal, quiçá elaborando e deixando à disposição deles projetos e modelos de penitenciárias, evitando que os recursos disponibilizados pelo Fundo Nacional Penitenciário fiquem imobilizados por falta de projetos e execução, como infelizmente ocorre. Precisamos com investimentos e inteligência recuperar o controle do Estado sobre as prisões brasileiras.

Pretendo que o Banco Nacional de Perfis Genéticos, um instrumento de vanguarda para a elucidação de crimes, especialmente crimes de sangue, e igualmente um inibidor da reincidência criminosa, deixe de ser apenas uma miragem legal. Ao cabo de quatro anos, nosso compromisso é de que sejam inseridos no banco o perfil genético de todos os condenados por crimes dolosos no Brasil ou, se não conseguirmos a alteração pretendida na lei, de todos os condenados por crimes dolosos violentos. Respeitosamente, quero contar, para esse projeto, com o apoio do Conselho Nacional de Justiça, uma vez que já há um projeto em andamento de colheita de dados biométricos dos presos.

Pretendo que o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, o DRCI, aprofunde a cooperação jurídica internacional, para que o refúgio do criminoso no exterior seja uma alternativa cada vez mais arriscada. Não deve haver portos seguros para criminosos e para o produto de seus crimes. Quando países não cooperam, quem ganha é somente o criminoso. O Brasil não será um porto seguro para criminosos e jamais, novamente, negará cooperação a quem solicitar por motivos político partidários.

Pretendo que a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e todos os demais órgãos de controle e inteligência, entre eles o COAF, possam agir com os recursos e as liberdades necessárias. Não cabe ao Ministro interferir nessa liberdade, ao contrário deve provê-los com os meios necessários para o desenvolvimento de suas tarefas. Nessa linha, aliás, um dos imediatos compromissos, não meu, mas que me foi apresentado pelo Diretor Geral da Polícia Federal será o de reestruturar e fortalecer as diversas Forças tarefas e equipes policiais encarregadas de investigar a grande corrupção, seja nos inquéritos em Curitiba, São Paulo e no Rio de Janeiro, seja nas investigações perante as Cortes Superiores de Brasília.

Pretendo que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, a SENAD, transforme-se progressivamente em uma agência encarregada da gestão e alienação do produto de crimes de tráfico de drogas. O tráfico de drogas, que envenena nossa sociedade e nossas famílias, é infelizmente uma atividade muito lucrativa. O Estado deve se servir de uma forma mais eficaz dos bens confiscados desses grandes criminosos e com eles financiar a segurança pública e a recuperação dos dependentes químicos, além de investir em políticas de prevenção. Infelizmente, isso é feito de uma maneira ainda muito tímida, desperdiçando recursos valiosos.

Um dos objetivos prioritários será apresentar um projeto de lei anticrime já no início da próxima legislatura e lutar para convencer, com respeito e toda a abertura ao diálogo, os parlamentares. Não haverá aqui a estratégia não muito eficaz de somente elevar penas.

Pretende-se, sim, enfrentar os pontos de estrangulamento da legislação penal e processual penal e que impactam a eficácia do Sistema de Justiça Criminal. Propostas simples, mas eficazes, como, entre outros, a previsão de operações policiais disfarçadas para combater o crime, proibição de progressão de regime para membros de organizações criminosas armadas, e o plea bargain para que a Justiça possa resolver rapidamente casos criminais nos quais haja confissão.

Pretende-se deixar mais claro na lei, como já decidiu diversas vezes o Plenário do Supremo Tribunal Federal, que, no processo criminal, a regra deve ser a da execução da condenação criminal após o julgamento da segunda instância. Esse foi o mais importante avanço institucional dos últimos anos, legado do saudoso Ministro Teori Zavascki.

Pretendemos honrá-lo e igualmente beneficiar toda a população com uma Justiça célere, consolidando tal avanço de uma maneira mais clara na lei. Processo sem fim é justiça nenhuma.

Pretende-se ainda fortalecer o Tribunal do Júri, prevendo a execução imediata dos veredictos condenatórios, como já decidiu a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Esses são alguns exemplos das medidas previstas no projeto em elaboração.

Adiante virão projetos mais complexos, que terão que ser debatidos com outras pastas, para reduzir incentivos e oportunidades para a prática da corrupção e de outros crimes. Na elaboração, quero contar com os subsídios de outras instituições, como o Ministério Público, como os órgãos policiais, e da sociedade civil organizada, como de entidades como a Transparência Internacional.

Não desconheço que o Ministério tem outras grandes responsabilidades, com políticas na área do consumo, da imigração, registros sindicais e arquivo nacional. Também terão a nossa atenção.

Nada disso será fácil, mas a missão prioritária dada pelo Sr. Presidente Jair Bolsonaro foi clara, o fim da impunidade da grande corrupção, o combate ao crime organizado e a redução dos crimes violentos, tudo isso com respeito ao Estado de Direito e para servir e proteger o cidadão.

Não podemos nos achar impotentes diante de todos esses desafios. Avançamos, como país, muito até aqui, mas podemos avançar muito mais. Conto, respeitadas as opiniões diversas, com o apoio crítico de todos para que, ao fim dessa gestão, tenhamos um ambiente melhor para todos.

O brasileiro, seja qual for a sua renda – e lembremos que o crime atinge mais fortemente os mais vulneráreis, tem o direito de viver sem medo da violência e sem medo de ser vítima de um crime, pelo menos nos níveis epidêmicos atualmente existentes.

O brasileiro, seja qual for a sua renda – e lembremos que o desvio de recursos públicos atinge mais fortemente os mais vulneráveis e os mais dependentes dos serviços públicos, tem o direito de viver sem a sensação de que está sendo roubado ou enganado pelos seus representantes nas diversas esferas de poder. Tem o direito de que os recursos dos cofres públicos sejam destinados ao bem-estar geral e não ao enriquecimento ilícito dos poderosos.

É preciso construir e manter a confiança entre governantes e governados. O cidadão tem o direito de viver em um ambiente no qual tenha presente que o Ministério da Justiça e da Segurança Pública e o próprio Governo estão ao seu lado e não contra ele.

Um Governo no qual ele possa confiar que fará a coisa certa diante dos vários problemas que se apresentarão. Fazer a coisa certa pelos motivos certos e do jeito certo será o nosso lema e estará sempre presente em nossas mentes.

Finalizando, os desafios são grandes, mas eu e minha equipe e talvez possa dizer que nós, todos os brasileiros, temos uma esperança infinita de que eles podem ser resolvidos com vontade, dedicação e respeito a todos.

Muito obrigado por sua atenção. Mãos a obra.

Brasília, 02 de janeiro de 2019.

Sergio Fernando Moro”

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Temer sanciona lei que libera uso do FGTS para socorrer santas casas

Temer sanciona lei que libera uso do FGTS para socorrer santas casas

Por: Poder360
Em: 27.dez.2018 (quinta-feira) – 21h50
URL: https://www.poder360.com.br/governo/temer-sanciona-lei-que-libera-uso-do-fgts-para-socorrer-santas-casas/

Cinco por cento serão destinados

Acumulam dívidas de R$ 21 bilhões

O presidente Michel Temer sancionou nesta 5ª feira (27.dez.2018), sem vetos, a lei que autoriza a criação de linha de crédito com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para socorrer as santas casas e os hospitais filantrópicos que atendem pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Segundo o governo federal, as santas casas acumulam dívidas de R$ 21 bilhões. A Lei 8.036/1990, que dispõe sobre o FGTS, agora determina que 5% do programa anual de aplicações do FGTS deverão ser destinados a essa linha de financiamento.

O texto estabelece ainda que as taxas de juros cobradas às entidades hospitalares filantrópicas não poderão ser maiores do que as cobradas para financiamento habitacional. A tarifa operacional única não poderá ser maior do que 0,5% da operação.

A lei estabelece também que os operadores da linha de crédito serão: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).

Caso os recursos não sejam utilizados pelas instituições de saúde, poderão ser destinados a aplicações em habitação, em saneamento básico e em infraestrutura urbana.

(com informações da Agência Brasil)

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Justiça bloqueia ações de dona da Taurus por suspeita de ocultar bens

EM: 22.dez.2018 às 2h00
Por: Rogério Gentile
URL: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/12/justica-bloqueia-acoes-de-dona-da-taurus-por-suspeita-de-ocultar-bens.shtml

TJ do Rio busca recursos para cobrir massa falida de um suposto acionista; acusados negam
ilegalidade

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro bloqueou as ações ordinárias da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC Global), um dos maiores fabricantes de munição do mundo e controladora da empresa Taurus, de armas.

A decisão foi tomada na sexta-feira (14) pelo desembargador Eduardo Alves de Brito, que considerou haver indícios de que a CBC faz parte de um esquema fraudulento com o objetivo ocultar o patrimônio de um empresário falido.

Dez anos atrás, houve a falência da empresa SAM Indústrias, que deixou dívidas ainda hoje não pagas que totalizariam cerca de R$ 607,9 milhões segundo a administradora judicial (em valores corrigidos e acrescidos de juros).

Segundo a Justiça, há sinais de que o empresário Daniel Birmann, proprietário da falida SAM Indústrias, teria criado uma longa rede de empresas, muitas das quais em paraísos fiscais, a fim de esconder seus ativos, todos alcançados pelo decreto de falência.

Na época da falência, Birmann teria o controle de 98% das ações ordinárias da fabricante de munições, mas, com o esquema, teria conseguido se manter invisível aos olhos das autoridades brasileiras.

“Até aqui, a falência da SAM Indústrias vem seguindo o roteiro dos clássicos do direito empresarial brasileiro”, disse o desembargador. “Falidos ricos e, por vezes, mais ricos do que antes da falência.”

O bloqueio das ações foi feito com base em uma ampla investigação internacional realizada pelo escritório Duarte e Forssel Sociedade de Advogados, especializado em identificação e recuperação de ativos em decorrência de fraudes transnacionais.

O escritório foi contratado pela administradora judicial da massa falida da SAM, a Carlos Magno, Nery & Medeiros advocacia empresarial.

“As pessoas jurídicas mencionadas consistiam em meros veículos interpostos por Birmann com o intuito de esconder do público que era ele o beneficiário final da companhia”, afirma a administradora judicial no pedido de bloqueio das ações feito à Justiça.

À Justiça a CBC Global afirmou que o organograma apresentado pela administradora judicial seria “fantasioso”, que não foram apresentadas provas e que Daniel Birmann não é seu sócio oculto.

Bernardo Simões Birmann, filho do empresário e um dos acionistas da empresa de munição, também disse na sua defesa à Justiça que não cometeu nenhum ato fraudulento para proteger seu pai. Afirma que adquiriu as ações com recursos próprios.

O desembargador concedeu à CBC Global prazo de dez dias para mostrar uma série de documentos, entre os quais cópia do seu livro de registros de sócios, sob pena de a empresa ser considerada como “instrumento de fraude”.

O TJ não atendeu ao pedido da administradora judicial de declarar nula todas as transferências de ações ordinárias da CBC desde fevereiro de 2008, quando houve a falência da SAM Indústrias, para dar oportunidade à empresa de se defender.

Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa da CBC afirmou que a empresa não é parte no processo e que prossegue normalmente em suas atividades perante clientes, funcionários e fornecedores.

André Dinis, advogado de Birmann, diz que o empresário não é proprietário da CBC, mas consultor e executivo nos empreendimentos de sua família desde os anos 1970.

Afirma também que não houve uma operação para tentar ocultar patrimônio. “A falência foi motivada por condições adversas do mercado de metais e na SAM Indústrias”, diz o advogado.

Segundo a defesa, Birmann, na qualidade de acionista, conseguiu quitar a grande maioria dos créditos de fornecedores e instituições financeiras, restando somente a dívida de um debenturista, três reclamações trabalhistas e créditos fiscais, “que ainda terão de ser analisados”.

“Causa estranheza a busca desenfreada de ativos, que ora se promove, invadindo sumariamente o patrimônio de terceiros estranhos à falência, quando nem mesmo foram arrecadados e avaliados todos os ativos dos falidos”, afirma Dinis.

Criada em 1926 por dois imigrantes italianos que desejavam fabricar suas próprias munições de caça e tiro em vez de importá-las, a CBC surgiu no Brás, em São Paulo.

Em 2015, assumiu o controle acionário da Taurus. Aos 92 anos, é um dos maiores fornecedores de munições de pequeno calibre para as forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

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Correios deixarão de entregar baterias de smartphones e notebooks em 2019

Em: Quarta-feira, 19 de dezembro de 2018
URL: https://www.ecommercebrasil.com.br/noticias/correios-deixarao-entregar-baterias-2019/

Os Correios deixarão de entregar, para boa parte dos trechos, encomendas contendo baterias e pilhas de lítio ou íons de lítio – encontradas, entre outros, em smartphones e notebooks. Para algumas localidades, será proibido o envio, inclusive, se estiverem acopladas ao aparelho. A restrição passa a valer a partir de 31 de janeiro de 2019.

Segundo a estatal, despachos contendo baterias e pilhas nas modalidades Sedex 10 e Sedex 12 (estadual e nacional), Sedex simples nacional e quatro trechos do Sedex simples estadual não serão mais aceitos, estando ou não as baterias acopladas ao produto.

Postagens locais são aquelas cuja origem e destino estão em uma mesma cidade ou sua região metropolitana. Já a estadual compreende origem e destino em cidades distintas, porém dentro do mesmo estado. As de âmbito nacional contemplam origem e destino em cidades de estados diferentes.

Já no caso do PAC, Sedex Hoje e Sedex Local (todos os trechos), além do Sedex 10 e Sedex 12 locais, o envio só poderá ser feito caso a bateria esteja acoplada ao aparelho. “Baterias que estejam fora não poderão ser postadas em nenhuma hipótese”, afirmaram os Correios ao E-Commerce Brasil.

Na prática, isso significa que não será possível mais enviar as baterias separadamente, ao menos não pelos Correios. Isso vale também para o caso de celulares em que a bateria vem fora do aparelho, mas na mesma caixa.

A empresa afirma estar seguindo orientação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que publicou, em janeiro deste ano, regulamento sobre o transporte de objetos perigosos em aeronaves civis.

Ao E-Commerce Brasil, a Anac informou que a restrição existe desde 2016, seguindo determinação da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), e vale para todas as transportadoras.
Fiscalização

De acordo com os Correios, foram definidos procedimentos de segurança a serem adotados pela rede de atendimento da empresa.

“No momento da postagem do objeto, o cliente será questionado, tal qual ocorre nos check-in de aeroportos, sobre a existência de bateria ou pilhas. Os clientes que possuem contratos com os Correios também estão sendo orientados”, disse a empresa, em nota.

“As encomendas permanecerão sendo postadas fechadas e não haverá conferência invasiva, pelo fato de os Correios não serem órgão fiscalizador. O remetente continua sendo responsável por observar a legislação que regulamenta o serviço postal e, neste caso, a aviação”, concluiu.

Nos casos em que a bateria estiver dentro do aparelho, o atendente avaliará se o trecho em questão consta entre os permitidos. Em caso positivo, a postagem será aceita normalmente. Caso contrário, a postagem não será aceita.

Como os procedimentos de segurança serão realizados no momento da postagem, não deve existir necessidade de devolver encomendas aos lojistas, afirmou a nota.

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Demanda global leva a corrida pelo lítio, o petróleo do futuro

País deve virar um dos maiores produtores de mineral usado em baterias

Por: Nicola Pamplona
EM: 22.dez.2018 às 15h32
URL: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/12/demanda-global-leva-a-corrida-pelo-litio-o-petroleo-do-futuro.shtml

O cenário internacional favorável e as recentes descobertas de lítio no país provocaram uma corrida por reservas do mineral, matéria-prima para a fabricação de baterias elétricas.

Dois projetos já em curso elevarão o Brasil ao status de um dos maiores produtores mundiais na próxima década.

Até o início deste mês, de acordo com dados da ANM (Agência Nacional de Mineração), o número de requerimentos de pesquisa do minério chegava a 117, mais que o triplo do ano anterior e quase dez vezes o registrado em 2016.

O processo vem gerando grande expectativa no Vale do Jequitinhonha, norte de Minas, uma das regiões mais pobres do país, mas com grande potencial para descobertas.

Na microrregião de Araçuaí, a 600 quilômetros de Belo Horizonte, foram 46 novos requerimentos de pesquisa nos últimos dois anos, na esteira de descobertas realizadas pela mineradora Sigma e de um trabalho de exploração da estatal CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais).

No trabalho, a CPRM descreveu 45 corpos rochosos com minerais de lítio, 20 deles inéditos. “A região tem potencial para se tornar uma grande produtora”, diz Vinícius Paes, um dos autores do projeto de pesquisa na região.

A partir do início de 2018, houve crescimento também pela procura de áreas no Nordeste, principalmente no Rio Grande do Norte, na Paraíba, em Pernambuco e na Bahia.

Chamado de “petróleo do futuro”, pelo potencial de substituição do motor a combustão, o lítio experimenta grande valorização no mercado internacional.

O preço disparou nos últimos anos, diante de planos para reduzir as emissões de poluentes no transporte em países desenvolvidos, o que gerou uma corrida por reservas no mundo. Montadoras como a Volkswagen já anunciaram metas para o fim da produção de veículos a gasolina.

O Brasil tem hoje uma pequena produção, em projeto da CBL (Companhia Brasileira de Lítio) em Araçuaí, voltada para consumo básico no mercado interno, como lubrificantes e cerâmica. Mas os investimentos recentes já começam a alterar o cenário.

“O Brasil era muito tímido nesse segmento. De repente, surge a demanda elétrica, e o setor está passando por um despertar”, afirma Ivan Jorge Garcia, especialista em recursos minerais da agência.
NOVA FÁBRICA

Em maio, a AMG Mineração inaugurou uma fábrica em Nazareno, 240 quilômetros ao sul de Belo Horizonte, fruto de investimento de R$ 450 milhões, para extrair de pilhas de rejeito de sua produção de tântalo o lítio que há até pouco tempo não tinha valor de mercado.

A unidade opera com 60% de sua capacidade, de 90 mil toneladas por ano de espodumênio, um dos minérios nos quais se encontra o lítio. Considerando um teor de 6%, o volume equivale a 4.500 toneladas de lítio contido (medida usada internacionalmente para classificar a produção).

É o equivalente a quase nove vezes a produção brasileira ao fim de 2017, quando o país representava menos de 0,1% do mercado global, que movimentou 43 mil toneladas de lítio contido. Austrália e Chile dominavam 76% da produção. A Argentina tinha 13%.

Com investimento de R$ 350 milhões, incluindo os gastos já feitos em exploração de reservas, a Sigma prepara o maior projeto de produção do país, com capacidade para 240 mil toneladas por ano de espodumênio, o equivalente a 14,4 mil toneladas de lítio contido.

AMG e Sigma já falam em estudos para dobrar capacidade. E vislumbram a possibilidade de avançar na cadeia produtiva —hoje, a transformação do mineral em compostos químicos e depois em baterias é dominada pelos chineses.

“Temos disponibilidade de matéria-prima e mercado, que é um dos maiores do mundo. Temos o princípio e o fim. Precisamos apenas desenvolver o meio”, diz Itamar Resende, presidente da Sigma Mineração. A “cereja do bolo”, diz, seria conseguir atrair uma fábrica de baterias para o país.

A AMG já deu um passo e fechou acordo com a sul-coreana Ecopro para estudar a viabilidade de uma unidade química de produção de sulfato de lítio, uma etapa além na cadeia de produção de baterias.
“É um produto de valor agregado muito superior”, afirma o presidente da companhia, Fabiano Costa. Se o projeto for aprovado, a expectativa é que inicie as operações em 2021.
EXPECTATIVA

Durante 8 de seus 35 anos, Washington Chaves dos Santos deixava uma vez por ano a aridez de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, rumo ao interior de São Paulo para garantir o sustento da família no
corte de cana.

Partia com outras centenas de moradores para temporadas de até oito meses longe da mulher e do filho.
Kessiane Lima Silva, 36, teve mais sorte. Formou-se em geologia e desenvolveu sua carreira trabalhando para mineradoras na região Norte do país. Mas há algum tempo sonhava em voltar a Araçuaí para poder dar assistência aos pais, já em idade avançada.

Os dois hoje são colegas de trabalho na mineração de lítio da Sigma, que tem o maior projeto de produção do mineral em curso no país, investimento que gera grande expectativa em uma área que exportava mão de obra por falta de oportunidades.

“Graças a Deus veio essa empresa para cá”, diz Santos.

Com economia basicamente agrícola, de pequena mineração e garimpos de pedras semipreciosas, a região espera que o lítio traga empregos e oportunidades de negócios.

Nas obras da fábrica, que devem começar em 2019, serão 500 empregos, diz o presidente da Sigma, Itamar Resende.

A expectativa é que o número seja mantido durante a operação, incluindo a mão de obra para a exploração de reservas adicionais.

Única produtora do país até o fim de 2017, a CBL (Companhia Brasileira de Lítio) estuda ampliar sua capacidade. A empresa atua desde 1993, mas tem produção basicamente voltada ao mercado interno.
Em uma fábrica em Divisa Alegre, na divisa com a Bahia, produz matéria-prima para lubrificantes.

Em março, iniciará operações de uma unidade de purificação para começar a prospectar o mercado de baterias, diz o diretor-superintendente da companhia, Paulo Sergio Castro Renestro.

A empresa, porém, enfrenta críticas de moradores, que reclamam de poluição causada por uma pilha de rejeitos.

“Se o vento sopra para cá, vem uma nuvem”, diz o agricultor Valdeir Gonçalves dos Santos, 54, apontando para a pilha atrás de sua casa. “Os meninos já tiveram problema de respiração, bronquite, asma.”

A CBL nega que cause danos à comunidade. A Prefeitura de Araçuaí não se pronunciou.

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Estado é vital no frigorífico, diz Blairo sobre proposta de nova ministra

Estado é vital no frigorífico, diz Blairo sobre proposta de nova ministra

Por: André Borges e Douglas Gavras
Em: Brasília – 22/12/2018 11h15
URL: https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2018/12/22/estado-e-vital-no-frigorifico-diz-blairo-maggi-sobre-proposta-de-nova-ministra.htm

O atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi, um dos principais produtores rurais do País, não acredita na possibilidade de a proposta da nova ministra da pasta, Tereza Cristina, ter efeito prático. Para o consumidor brasileiro, disse Maggi, o governo pode aplicar a regra que quiser, mas quando o assunto é exportação, a situação torna-se completamente diferente.

Tereza Cristina quer alterar o processo de inspeção de carnes e derivados produzidos no País, acabando com a fiscalização diária do governo, destaca reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”. A medida beneficia principalmente os frigoríficos, hoje submetidos a auditorias diárias feitas pelos servidores públicos do ministério.

De acordo com Maggi, é o mercado internacional que exige a presença física e diária, nos frigoríficos, de um auditor sanitário ligado ao poder público, e não um funcionário da própria empresa. “Quando eu cheguei ao Ministério da Agricultura, eu também tinha a ideia de limpar tudo e deixar a responsabilidade apenas com os frigoríficos. O tempo e a experiência da Operação Carne Fraca (ocorrida em março de 2017) foi me mostrando que isso não é possível. Se o Estado sair de lá de dentro, vai dar confusão. A presença do Estado ainda é necessária lá.”

Maggi citou, como exemplo, imposições feitas ao exportador brasileiro pelos EUA e a Europa. “Os americanos não aceitam hoje que funcionários de inspeção sejam vinculados ao frigorífico. Eles exigem que se tenha algum agente público ali, fisicamente, inclusive depois do abate do animal. Essa inspeção após a abertura do animal é determinada pelos EUA”, disse. “Quando você abre uma carcaça, você tem de ter alguém ali que não seja da empresa para verificar se há algo que possa fazer mal para o consumo humano. É muito difícil uma mudança sobre isso, porque isso está vinculado aos nossos certificados de exportação. São exigências de mercado comprador.”

Sobre os consumidores europeus, o ministro declarou que as medidas têm sido ainda mais duras, exigindo não apenas que os auditores sejam servidores públicos, mas também seus ajudantes. Hoje há cerca de 2,5 mil auditores fiscais federais em todo o País, sendo que na área de inspeção animal atuam aproximadamente 800 profissionais. O quadro de ajudantes deste time, porém, chega a 12 mil pessoas, as quais são contratadas pelos frigoríficos.

Pressão

“Passei este ano inteiro com uma pressão enorme do mercado europeu, porque eles resolveram exigir que até mesmo os ajudantes dos fiscais passassem a ser de responsabilidade do Ministério da Agricultura. Eles exigiram que mudássemos isso, sob risco de não poder mais mandar mercadoria para a Europa. Veja a complexidade do assunto”, disse o ministro. Nesta semana, foi publicado um decreto que permite a possibilidade de empresas de fora prestarem esse serviço terceirizado para apoiar a inspeção pública feita nos frigoríficos.

Na avaliação de Blairo Maggi, há espaço para reduzir algumas rotinas dos auditores dentro dos frigoríficos – como acompanhar a etapa de qualidade dos produtos -, mas é praticamente impossível retirá-los da operação. “Esse é o caminho que se seguiu até agora. Se o novo ministério quer fazer mudanças nessa área, terá que combinar isso com os compradores externos. Temos compromissos assumidos com cada País.”

Polêmica

O tema é controverso até mesmo para o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical), que representa os servidores públicos. “O que está se procurando é responsabilizar a indústria sobre a qualidade do produto. É complexo. Não há uma posição firme sobre isso dentro da própria categoria. O que esperamos é que abra uma discussão interna no governo e que isso envolva o setor produtivo”, disse Maurício Rodrigues Porto, presidente da Anffa.

Porto lembra alguns produtos, como o leite, por exemplo, que já chegaram a ter inspeção pública diária no passado, mas que hoje são alvos de procedimentos mais esporádicos. “Carne é outra coisa. Há mais de 350 tipos de doenças que podem afetar um rebanho. De maneira geral, é arriscado tentar reproduzir imediatamente modelos de outros países dentro Brasil”, disse. “Infelizmente, a consciência do empresário brasileiro ainda é a do lucro. Estamos falando de garantir a segurança alimentar e a saúde pública. É uma questão complexa.”

Mudança bem-vinda

As mudanças na fiscalização da carne podem ser positivas – se o governo conseguir desburocratizar o procedimento de inspeção – e não devem afetar as exportações brasileiras, segundo especialistas ouvidos pelo Estado. As entidades de defesa do consumidor, no entanto, veem a proposta com preocupação.

Na avaliação de Alexandre Mendonça de Barros, da consultoria especializada MBAgro, a inspeção de qualidade feita pelos próprios frigoríficos ocorre em outros países e seria um passo importante para desburocratizar o processo. “O Estado não tem condições de ampliar o número de fiscais do Ministério da Agricultura. É uma forma inteligente de agilizar a fiscalização e o governo deve aplicar as multas devidas, caso necessário.”

O consultor e ex-secretário do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Welber Barral, avalia que a mudança não deve causar impacto nas relações com os países que compram carne do Brasil. “Os países compradores têm equipes próprias que vêm ao frigorífico verificar se as exigências dos importadores estão sendo cumpridas e é interesse das empresas manter os mercados externos que foram conquistados.”

Já o diretor de Fiscalização do Procon-SP, Osmário Climaco de Vasconcelos, é menos otimista. “Apesar de o Procon não fiscalizar a carne in natura, apenas a processada, acreditamos que deixar a inspeção nas mãos das empresas é preocupante. Há casos recentes de baixo controle sanitário e é preciso garantir que o consumidor está recebendo produtos de qualidade.” As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.

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Futura ministra quer acabar com inspeção diária em frigoríficos do País

Futura ministra quer acabar com inspeção diária em frigoríficos do País

Por: André Borges – Estadão
EM: Brasília, 22/12/2018 11h00
URL: https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2018/12/22/futura-ministra-quer-acabar-com-inspecao-diaria-em-frigorificos-do-pais.htm

A futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, quer alterar o processo de inspeção de carnes e derivados produzidos no País, acabando com a fiscalização diária do governo. A medida beneficia principalmente os frigoríficos, hoje submetidos a auditorias diárias feitas pelos servidores públicos do ministério.

As regras de vigilância sanitária determinam que é função do governo – e não do produtor de carne – fazer a inspeção sanitária diária da carne, desde antes do abate dos animais até a sua produção para consumo. O plano da nova ministra da Agricultura é fazer com que o setor adote “práticas de autocontrole”, com protocolos de segurança estabelecidos pelo governo, mas sendo auditados pelo poder público apenas “de tempos em tempos”, sem a necessidade de ter um agente do Ministério presente fisicamente, todos os dias, nos frigoríficos do País.

Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Tereza Cristina disse que essa será uma de suas primeiras medidas. “Simplificação não é precarização. Com responsabilidade e seriedade, vamos dar agilidade e reduzir custos. Com o autocontrole, a responsabilidade é do produtor, seja sobre os equipamentos, seu pessoal ou sobre a qualidade do que tem de sair dali. Ele deve cumprir a regra, o que ele terá de fazer é seguir um protocolo detalhado”, declarou a ministra. “A fiscalização do Ministério será uma auditoria feita de tempos em tempos. Se achar que não está bom, vai lá toda semana.”

Tereza Cristina diz que o modelo atual limita a autonomia dos frigoríficos. Hoje, segundo ela, a produção não pode ser ampliada para o fim de semana porque os fiscais do ministério não trabalham sábado e domingo e não podem receber hora extra. “Com essa medida, não tem problema nenhum, pode trabalhar sábado, domingo, à noite, três ou quatro turnos”, disse. “Isso é o que esse governo novo quer implantar, onde puder. Cada um tem de tomar conta do seu pedaço, com responsabilidade.”

O modelo de autocontrole, segundo Cristina, já é utilizado em várias partes do mundo. “É um processo usado em parte da Europa. O ministério faz a fiscalização do animal vivo, para ver se ele está em perfeita condição de saúde para ser consumido. Mas internamente, o controle é da empresa, do frigorífico.”

O processo de inspeção de carnes brasileiro esteve no centro das investigações da Operação Carne Fraca, realizada pela Polícia Federal em março de 2017. As investigações apuraram a atuação de auditores fiscais sanitários e suas relações com grandes frigoríficos, levando ao fechamento de algumas plantas pelo País. Delatores confessaram que empresários pagavam mesadas para funcionários do Ministério da Agricultura para que pudessem escolher os fiscais do governo que atuariam dentro das unidades fazendo vista grossa na vigilância. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.

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